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quarta-feira, fevereiro 28, 2007

luta desigual


quando o ser humano ofende a Natureza
não pode desta esperar um sorriso
É luta desigual, mesmo


Tempestade no Grande Areal, Praia do Sol, Almada - Portugal

pavilhão chinês

sítios de conversas longas
Na tradição dos “cafés-bar”, espaços de conversas, de estares e de sentires, cruzar de gentes no prazer da tertúlia e do cruzar de olhares



Jardim amplo, com frondosas árvores e recantos acolhedores, que também em tempos passados foi coito de celerados, mandado construir pela rainha Dona Maria II no espaço da antiga patriarcal de Lisboa em honra do seu filho D. Pedro tomou o nome de nobreza do homenageado – Jardim do Príncipe Real.

Perto desse nobre jardim, no caminho da Rua Dom Pedro V em direcção a São Pedro de Alcântara situa-se um dos mais míticos bares da capital de princípios do século XX, o “Pavilhão Chinês, instalado numa antiga mercearia da época que integra na sua plenitude a ideia romântica da cidade de Lisboa.

A decoração baseia-se em colecções de objectos variados, com alguma organização para que não pareça um caos, mas não tanta que nos faça sentir num museu. A organização temática desenvolve-se com o percorrer das salas cheias de recantos acolhedores onde cumplicidades mil criam um ambiente especial e único.

Sítio ideal para um princípio de “noitada” ou para conversas tranquilas e longas, está na tradição dos “cafés-bar” dos anos 20 do século passado, mas com o modernismo de ser sempre moda e lugar de cruzamentos de culturas, sentires e quereres, em 1901 vendia especiarias, cafés e chás.

Uma sanduíche e um pouco de vinho tinto de qualidade servido a copo, são companhias indicadas para outras tantas especialidades que os apreciadores aí procuram e encontra. “Cocktails” de fama já conseguida: o “Pavilhão Chinês” ou o “Vaca Gorda” ou um chá escolhido de uma panóplia de algumas dezenas de sabores, alguns exclusivos e estranhos.

Percorri atentamente as salas das cerâmicas de Bordalo Pinheiro, dos soldadinhos de chumbo, dos aviões de brincar e dos artigos militares, com destaque para a excelente colecção de capacetes militares da I e II Grandes Guerras Mundiais.

A última sala a que chegamos de pois de passarmos um bar cheio de charme chegamos ao salão do “snoocker” onde sempre se pode ensaiar as habilidades bilharistas.

Bebi um chá de cerejas silvestres...


Pavilhão Chinês – Bar
Rua Dom Pedro V, 89 – Lisboa-Portugal

terça-feira, fevereiro 27, 2007

com vista para o mar azul


daqui alcança o meu olhar
terras do longe, do sentir
neste mar azul que une nossos pensares


Mata dos Medos, Arriba Fóssil, Oceano Atlântico, Almada - Portugal

entra... agarra... entra... agarra-te...

A minha querida Amiga MLC publicou no seu Maçã de Junho um bonito texto que intitulou “Licença”. De quatro palavras desse texto nasceu este comentário que a Oficina das Ideias hoje convosco partilha:


Entra...
Sede bem-vinda ao mundo da fantasia, do sonho, da utopia

Agarra...
...minha mão e caminha comigo nas cores do Arco-Íris até às terras do longe

Entra...
No querer do voar mares e rios, vales e montanhas neste recorrente sonho

Agarra-te...
No meu braço que te abraça que te envolve no sentir de um Mundo Novo luminoso

segunda-feira, fevereiro 26, 2007

simetria


a gaivota e o seu reflexo
a espera pelo quinhão na pescaria
encanto para o olhar, companhia


Gaivota no Grande Areal, Praia do Sol, Almada - Portugal

doces sabores da praia do sol

Cada terra tem os seus próprios e originais doces, sendo estes, muitas vezes que dão notoriedade a localidade de origem, tal é a sua importância no entender das pessoas. Muito desta doçaria tradicional se deve ao esmero e cuidado das freiras dos conventos que se encontram um pouco por todo o país.

Na Costa de Caparica, o doce que a memória popular apresenta como genuíno produto da terra dá pelo nome de "Claudino" e era tradicionalmente fabricado pelo extinto Costa Nova, café e pastelaria que fez época na Costa de Caparica e cujo nome homenageava a origem de muitos ílhavos, logo, região de Aveiro. Daí que se não estranhe que um dos principais ingredientes dos "Claudinos" seja o doce de ovos.

Passado quase meio século os "Claudinos" passaram a ser fabricados pela quase totalidade das pastelarias da Costa e, hoje em dia, por quase todo o País. Curiosamente, quando fabricados fora da Costa de Caparica tomam muitas vezes o nome de "Caparicanos".

"Claudinos" e "Garibaldis", outra especialidade muito apreciada na Costa, fazem par no capítulo da doçaria com os gelados que de muito boa qualidade são igualmente produzidos na Praia do Sol.

domingo, fevereiro 25, 2007

bandeiras que são lembranças


são lembranças negras de fome
são vermelhas de luta sem tréguas
pela subsistência dos entes queridos


Artes no Grande Areal, Praia do Sol, Almada - Portugal

tulipa negra

espaço de poetar
Não sou poeta inspirado nem sequer sei construir rimas de espantar. Juntando algumas palavras , dando-lhe sentido e afecto, procuro nelas o encantamento


Mulher de muito querer, Shirin se apaixonou.
Seu príncipe de encantamento, seu eleito,
Ferhad rejeitou tamanho enleio. Desgostou
Mulher desamada no deserto procurou seu leito.

Chorou copiosamente sua saudade, com tristeza
As lágrimas rolaram por seu belo rosto em sofrimento
Cada uma tocou a escaldante areia de profunda pureza
Transformando-se em linda tulipa de negro pigmento.

Das terras do crescente viajou no sonho de um amante
Até à Europa, à Holanda a terra dos “polders” e dos canais,
Onde inspirou artistas e simbolizou o amor eterno e galante
Depois no Brasil, símbolo do muito querer e sentires reais.

sábado, fevereiro 24, 2007

marcas do passado


são marcas que contam estórias
factos passados em tempos imemoriais
por muitos anos caminhados


Azulejo do Palácio da Quinta de Valle do Rosal, Charneca de Caparica, Almada - Portugal

tertúlia em cacilhas

Na nossa modesta opinião, um bom repasto não justifica, por si, uma viagem. Já uma viagem para conhecer sítios e gentes ou uma viagem de sentires e de dizeres fica enriquecida com uma boa refeição.

Foi o que ontem aconteceu...

Um grupo de amigos juntou-se à conversa, numa tertúlia de escreveres e de dizeres, que foi devidamente completada com uma agradável sessão de comeres, onde os bons sabores alegraram a conversa.

A Associação O Farol, pela batuta da Ermelinda Toscano e do Henrique Mota, promoveu o almoço/tertúlia a que o Manel, do Sabor&Art, de Cacilhas, soube dar a melhor resposta... e a festa durou até às tantas.

O vigésimo aniversário da morte de Zeca Afonso não foi olvidado e a Oficina das Ideias deixou por lá um singelo soneto alusivo ao encontro:

Aqui cheguei vindo quem sabe de onde
Encontrei farto manjar melhor beber
Afecto, coração aberto que responde
Aos anseios do caminhante do dizer

Senti o Sabor, o conforto desejado
Depois de longa caminhada de romeiro
Aconcheguei o estômago, a alma. Encontrado
O sentido, a Art, o querer primeiro

Tão curta a distância que o rio separa
Que une, como diria o poeta inspirado
Sabores e cheiros, o bordão que me ampara

De duas margens um amplexo desejado
Viajar na esperança no querer no já tomara
Que fosse este o feliz rumo encontrado.

sexta-feira, fevereiro 23, 2007

sombras de mistério


pelas linhas da mão percorro estes caminhos
espaços de mistério e fantasia
na volta do caminho está a magia


Mata dos Medos, Mata Nacional do Pinhal d'El Rei, Almada - Portugal

mata dos medos

Inserida na Paisagem Protegida da Arriba Fóssil da Costa de Caparica, a Mata dos Medos consiste num vasto aglomerado arbóreo que foi mandado semear pelo rei D. João V, com o objectivo de fixar as areias das dunas sujeiras ao efeito de erosão dos ventos e que invadiam os terrenos agrícolas do interior.

A Mata dos Medos está constituída desde 1971 como Reserva Botânica protegida por lei e abrange 338 hectares de floresta, onde predomina o pinheiro-manso, embora se possam observar diversas espécies arbóreas de importante valor.

A Mata dos Medos pode ser percorrida pedonalmente por dois caminhos diferentes que passam junto às principais espécies arbóreas e também de arbustos com passagem obrigatória por um dos miradouros sobranceiros às praia e de onde se desfruta magnífica panorâmica, desde a Serra de Sintra a Norte, até ao Cabo Espichel e Serra da Arrábida a Sul e a Nascente.

O Poente fica reservado para um deslumbrante pôr-do-sol quando o astro-rei mergulha aparentemente nas azuis e amplas águas do Oceano Atlântico.

Neste percurso por tão delicada região todos os nossos sentidos são estimulados de forma única. Debaixo da sombra protectora dos pinheiros-mansos, vários arbustos podem ser identificados nas suas cores e odores ímpares. A sabina das praias, com suas bagas vermelhas, o medronheiro, cujas baga de amarelo a vermelho, consoante a maturação, são comestíveis e possuem um ligeiro teor alcoólico.

Os odores do rosmaninho, do alecrim, do tomilho e da salva inebriam-nos os sentidos e acompanham toda a nossa viagem. Lá mais no alto, pairando no azul do céu, podem ser observadas as águias reais, o peneireiro, o mocho galego ou a coruja do mato. A não perder é a oportunidade de observar a vivência dos corvídeos da Mata dos Medos em agregado familiar de um macho e de duas fêmeas.

quinta-feira, fevereiro 22, 2007

esparair o olhar


até à linha do horizonte
espraiar o olhar no infinito
de azul e prata se veste o "meu" mar


Mar da Caparica, Praia do Sol, Almada - Portugal

costa de caparica

minha terra é meu sentir
Caparica mais do que uma terra é um Povo. Gente que construiu vida entre o mar e a floresta em diversificado labor. Da sua vivência aqui se regista testemunho


A Costa de Caparica é lugar conhecido de há muitos anos, especialmente, pelas gentes que habitam na área da Grande Lisboa, como zona de veraneio, que recebe anualmente mais de 10 milhões de pessoas. Este facto, pouco tem contado para o seu desenvolvimento social e económico, pois este enorme caudal de gente limita-se, na maioria das situações, a chegar pela manhã, destino à praia com seus farnéis e regressar no final do dia, para no dia seguinte efectuar a mesma viagem.

Daí o pouco desenvolvimento hoteleiro, embora os restaurantes na época de Verão tenham bastante movimento e, de igual forma, o pouco ganho obtido pelo comércio local.
Num balanço anual que se possa fazer desta autêntica migração sazonal para os vinte quilómetros de longo areal tem resultados negativos. Os veraneantes ajudam a destruir a duna primária, fazem autênticas agressões ambientais e, em contra partida, não ajudam ou ajudam pouco ao desenvolvimento caparicano.

Algo há a fazer para inverter os resultados desta situação. Contudo, as entidades governamentais, desde sempre olharam a Costa de Caparica como enteado, protegendo, isso sim, a Costa do Estoril. É assim que se entende a agressão lesa Natureza que representam os silos de cereais da Trafaria, as instalações militares da NATO sediadas na margem sul do Tejo, a vinda de toneladas e toneladas de lixos da Grande Lisboa para os aterros sanitários de Almada e do Seixal, de exploração mista (privada e estatal) e a exploração de areias da praia para serem colocadas do lado norte do Tejo o que já provocou catástrofes ambientais na margem sul.

Mas a Costa de Caparica a tudo resiste na defesa da sua beleza natural, da sua história e da sua tradição.

Um pouco de história...

D. João VI (contrariamente ao que muitos afirmam) nunca esteve hospedado na "Casa da Coroa", apenas limitou-se a lá comer uma caldeirada, feita por Maria do Rosário ou "Maria do Adrião" para a "companha" que regressava da pesca, como nos diz um escrito que nos mostraram, e deve datar possivelmente de 1827 e nos fala da caldeirada comida por D. João VI em 18 de Julho de 1825.

Diz o referido escrito: "O grupo dos tais senhores que pareciam ter vindo de Lisboa, começaram a caminhar atrás dos pescadores e quando nos viram cortar fatias de pão e d'elas nos servir de prato, começaram a rir e pediram autorização para provarem a caldeirada e ver se sabiam comer como os pescadores."

"Como gostassem, continuaram a comer e a beber, sentados na areia sem a gente saber quem eles eram. Por isso é de calcular o espanto que tivemos quando um dos senhores nos disse que estava ali D. João VI - Rei de Portugal."

quarta-feira, fevereiro 21, 2007

doirado acacial


o acacial cobre os campos de amarelo
doiradas flores que na capa da velha
são mais valiosas que o oiro puro


Acácia arborívera, Quinta do Alemão, Charneca de Caparica, Almada - Portugal

reviver

Deixei espraiar meus olhos com ternura
Sobre o teu doce corpo de mulher
Adorei teu requebro de água pura
Oásis para meu ser sedento de querer.

Julguei sonhar tanta beleza
Fugiram-me as palavras, felicidade
Quão longe ficaram solidão e tristeza
Naquele momento que será eternidade.

Sol doirado, fulgente de cor
Banhando meus olhos, minha boca
Foi por minhas mãos acariciado com amor
Em êxtase de paixão, ternura louca.

Aproximei meus lábios de teus lábios
Mergulhei na cor de esperança o meu carinho
O mar ensina pensamentos sábios
O vermelho rumos certos, o caminho.

No teu corpo entreguei todo o meu ser
Areia dourada de dunas modelada
Festa de sentidos naquele entardecer
Onde renasceu maravilhosa jornada.

terça-feira, fevereiro 20, 2007

anúncio de primavera


florescem cedo no Fevereiro primaveril
anunciam a renovação desejada
um novo ciclo dádiva da Natureza


Rosinhas Amarelas, Jardins de Valle do Rosal, Charneca de Caparica, Almada - Portugal

...à bulhão pato

Quem parar a caminhada no chamado lugar da Torre da freguesia de Caparica, no concelho de Almada, voltado para poente, encontra à sua esquerda um edifício algo degradado onde figura uma placa “aqui faleceu o poeta Bulhão Pato em 24 de Agosto de 1912”. Estamos junto ao edifício onde viveu e faleceu o último dos poetas românticos portugueses.

No conjunto da sua obra é notória a influência do local em que viveu, então designado Monte de Caparica, especialmente da sua profunda vivência histórica e monográfica do sítio. No seu “Livro do Monte” escreveu Bulhão Pato em 1883 sobre as mulheres da praia:

Com a sardinha, empilhada,
Inda saltando vivaz
Vem de cestinha avergada;
E lá em baixo, da praia,
E sobe a pino o almaraz;
Mas nem por sombra cansada

Faz vista de nova a saia,
Corada ao Sol e puxada!
Descalça o pé regular
E branido pela areia
D’essas arribas do mar.

Não se pode chamar feia.
Descaída e longa a trança;
Afrontada de calor, O lencito desatado;
E os beiços com tanta cor
Como a d’um cravo encarnado
A mocidade é uma flor!

...............

Era um afamado caçador e amante das artes culinárias, donde a receita célebre de “Amêijoas à Bulhão Pato” que tem conhecido imensas versões. Apresentamos uma das mais simples...

Ingredientes
2 Kg de Amêijoas
2 dl de azeite
4 dentes de alho
1 molho de coentros
1 limão grande
Sal e pimenta q.b.

Confecção
Deixe as amêijoas de molho em água com sal durante duas ou três horas.Escorra-as e passe-as por várias águas para lavar, antes de as cozinhar. Corte os alhos às rodelas e pique os coentros.Ponha um tacho ao lume com o azeite e os alhos e quando estiver quente junte os coentros até estalarem.Junte então as amêijoas e tape.Tenha o cuidado de ir virando as amêijoas para que todas passem por baixo. Quando estiverem todas abertas retire-as do lume e tempere com pimenta e sumo de limão a gosto.

segunda-feira, fevereiro 19, 2007

vereda do mistério


misteriosa vereda de sombras
que são cúmplices de amores
do muito querer e sentir


Vereda da Quinta do Alemão, Charneca de Caparica, Almada - Portugal

"raio de luz" apela em canal 9

banda do cidadão em acção

estórias de heroicidade via éter, utilizando a banda do cidadão, as radiocomunicações de todos, de grande importância social, em época que se conhecia e reconhecia o valor do real voluntariado



Na noite fora os barcos de pesca, os "barras náuticos" ou "pés de sal" deslocam se mar dentro numa labuta diária, tantas vezes enfrentando um mar perigoso e violento.

Ao largo da costa portuguesa surgem então pequenas luzes assinalando as suas presenças, dando a imagem de um céu muito estrelado, maravilhoso.

O "Raio de Luz" saíra do porto de abrigo ao cair da tarde, tinha navegado muitas milhas no oceano na procura do reflexo prateado dos cardumes.

Já havia mesmo tirado para bordo quantidade significativa de peixe que na manhã seguinte seria transaccionada na lota de Setúbal.

A navegação continuava; a noite calma e o mar chão era um aliciante, era o chamamento da própria natureza.

Os "mestres das pescarias" utilizando o rádio CB trocavam entre si informações não só sobre a navegação como também sobre a posição dos cardumes naquele mar sem fim.

O tempo, assim, passava mais depressa e sentiam se mais seguros.

Foi então que se deu o acidente.

Num balançar inesperado, o desequilíbrio e um dos homens da companha em queda ficou gravemente ferido.

Os primeiros socorros são desde logo ministrados pelos colegas a quem a dureza do trabalho muito ensinou em matéria de sobrevivência.

O "mestre" recorrendo, então, ao rádio CB põe em funcionamento o sistema de "ajuda rádio" apelando em canal 9 para a situação de emergência.

Tendo dificuldade em entrar em contacto directo com os Bombeiros Voluntárias recebe de imediato ajuda de uma outra estação de CB em terra que escutara o apelo e que consegue estabelecer o contacto com a entidade de socorro.

É acordada a forma de se efectuar o socorro, estabelecido o local onde o barco acostará por forma a que quando tal se verificar já lá se encontre uma ambulância para que com a mínima perda de tempo seja realizado o transporte para a unidade hospitalar.

Todas as comunicações estabelecidas, a traineira pôde avançar afoitamente para o porto de abrigo na certeza de que os meios de socorro aguardarão a sua chegada com a ajuda necessária.

Durante o tempo de regresso o "mestre das pescarias" manteve contacto via rádio CB com terra, facto que lhe deu tranquilidade de espírito necessária a que tudo corresse bem daí para a frente.

O rádio CB acabava de prestar, uma vez mais, um bom serviço, mostrando a amplitude da sua utilidade.


domingo, fevereiro 18, 2007

espelho... ah mar magnífico


sol razante espelha as águas
de encanto para o nosso olhar
que se perde na espuma de prata


Mar da Caparica, Praia do Sol, Almada - Portugal

santuário de nossa senhora do cabo

O Santuário de Nossa Senhora da Pedra Mua também conhecido por Santuário de Nossa Senhora do Cabo situa-se no Cabo Espichel, a ocidente da vila de Sesimbra, é delimitado a sul e oeste pelo Oceano Atlântico e a norte pela estrada nacional 379 e Ribeira dos Caixeiros, Concelho de Sesimbra, Freguesia do Castelo, Distrito de Setúbal.

É constituído, fundamentalmente, pela Igreja Seiscentista e pelas Casas dos Círios, pela Ermida da Memória e pela Casa da Água e Aqueduto do Cabo Espichel.


Igreja de Nossa Senhora do Cabo, Casas dos Círio e Cruzeiro
Do século XVII, está de costas para o mar. O interior da igreja é decorado com pinturas barrocas, ex-votos e frescos. De cada lado da igreja há uma fila de alojamentos para peregrinos, chamada de Casa dos Círios ou simplesmente Hospedarias que formam o Terreiro no Cabo Espichel, também designado Arraial, ao fundo pode-se avistar um cruzeiro, local onde começa verdadeiramente o Santuário.


Ermida da Memória
A poente da Igreja de Nossa Senhora do Cabo e das Casas dos Círios/Hospedarias, (na parte de trás e para o lado direito), a cerca de 100 metros situa-se, sobranceira ao Oceano Atlântico, a Ermida da Memória, também conhecida por Capela da Memória, uma capela abobadada, com painéis de azulejos azuis e brancos no seu interior, representando a Lenda da Senhora do Cabo e imagens da construção da Capela. No exterior encontram-se dois quadros de imagens em azulejo que estão muito degradados e que representam dois peregrinos. Templo construído precisamente no local onde reza a tradição ter-se-á dado a aparição da Virgem.


Casa da Água e Aqueduto do Cabo Espichel
Foi construída em 1770, tem forma hexagonal, coberta por cúpula em meia-laranja rematada por lanternim, cimalha envolvente, cunhais apilastrados marcando as seis faces. É antecedida por escadaria de vários lanços. No interior, uma fonte "rocaille" em mármore, com motivos escultóricos ao gosto Berniniano, bancos de pedra ao longo das paredes, restos de um silhar (pedra lavrada e quadrangular, para revestimento de paredes) de azulejo (Fábrica de Belém) com cenas de caça e, cenas alusivas aos círios.


A Casa da Água recebia a água trazida pelo Aqueduto desde a Azóia, a aldeia mais próxima, por uma extensão de aproximadamente dois quilómetros. Possuía um poço e dois tanques para dar de beber aos animais.


[texto elaborado na Oficina das Ideias para o projecto "Círios da Margem-Sul"]


fontes consultadas
[1] “O Círio de Nossa Senhora da Praia”, de Teresa Marques Alves, Jornal da Região 13-02-2002; blogue “Para os Lados de Sintra”, de Pedro Macieira
[2] Manuel J. Gandra
[3] Nossa Senhora do Cabo Espichel, folheto da Paróquia de Nossa Senhora da Ajuda, de Belém
[4] Blogue
“Para os Lados de Sintra”, de Lua
[5] Blogue
"Rio de Maçãs", de Pedro Macieira
[6] Imóvel de interesse público por Decreto n.º 37.728/50, de 5 de Janeiro; in Sesimbra Monumental e Artística, 1986
[7] Inventário do Património Arquitectónico; Santuário de Nossa Senhora do Cabo, casa dos Círios e terreiro/ Santuário de Nossa Senhora da Pedra Mu; Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais; http://www.portugalweb.net
[8] WIKIPÉDIA, Entradas: Santuário de Nossa Senhora da Pedra Mua; Cabo Espichel; Igreja de Nossa Senhora do Cabo; Casa dos Círios; Capela da Memória; Casa da Água.

sábado, fevereiro 17, 2007

botões da flor do jasmineiro


botões da flor do jasmim despontam
com os raios de sol que anunciam a Primavera
Logo mais, belas flores e cheiro do paraíso


Jasmineiro dos jardins de Valle do Rosal, Charneca de Caparica, Almada - Portugal

bañas tu cuerpo...

Bañas tu cuerpo en los perejiles ondas del mar amante
Gotas saladas recorren tus curvas suavemente
Acarician cada sueño de tu sensual instante
Trazan caminos de placer y del sentir irreverente.

Tus labios mojados toman más brillo más carmim
Son pétalos de rosas besadas por el rocío de la mañana
Que en la aurora del sentir y mucho querer son un festim
De la boca sequiosa que los cosecha en su dulzura temprana.

Tus senos de pezones mucho erectos por la fuerte emoción
De la caricia de mil gotas que los recorren con ternura
Suplican para besados sean en cómplice ondulación
Reciben pétalos que de tus labios retiré con candura.

En el remoinho de las veredas que las gotas de agua van trazando
Encuentran mil devaneios en tu ombligo de rara belleza
En los sientas alcanzan el cumbre del antojo y del desmán
Y bucean celeremente en tu tesoro de princesa.

En el recato, en la intimidad de tu toson de oro cual fulgor
El antojo ya iguala las gotas de agua que no paran de llegar
Ligeramente entreabres tus piernas talladas por un escultor
Se realiza el encuentro, sueño de placer trazado en el mucho amar.


[Dedicado à minha querida Amiga Montse]

sexta-feira, fevereiro 16, 2007

rosa tão singela


uma rosa simples rosa
inebriante odor que nos encanta
sinfonia de cheiros


Rosa dos jardins do Pinheirinho, Charneca de Caparica, Almada - Portugal

venham ver as acácias em flor

A partir dos princípios de Fevereiro, quando as condições climatéricas são precocemente primaveris, ou no decorrer do mês de Março, quando estas são mais adversas e teimam em prolongar a invernia, toda a zona compreendida entre as designadas "terras da Costa" e o Mar Atlântico cobre-se profusamente de um manto amarelo dourado, com o florescer do acacial.

Esta zona de vegetação, ímpar no nosso País, além da função primordial de fixação do longo areal que vai da Trafaria à Fonte da Telha, protege as fecundas "terras da Costa" da brisa do mar e serve de tampão aos fogos florestais, tendo em conta a sua fraca capacidade combustível.

Designada "Mata das Dunas da Trafaria e da Costa de Caparica", integrada na Paisagem Protegida da Arriba Fóssil da Costa de Caparica, foi instalada entre os finais do século passado e os anos 60, com a finalidade de fixar as areias de dunas móveis, estendendo-se pela zona fronteira à arriba, sendo constituída essencialmente por várias espécies de acácias (Acácia sp.), predominando a Acácia cianophyla.

Se a instalação cuidada e sistemática do acacial data de anos recentes, com existência entre os trinta e os cem anos, a sua florescência espontânea perde-se na bruma dos tempos imemoriais, encontrando-se referências lendárias dispersas, sem marco nem era determinados.

Na época da floração do acacial, quem percorre a Descida das Vacas, vindo da Charneca de Caparica na direcção da entrada para a Praia do Rei, ao virar na curva sobranceira ao mar, é agradavelmente surpreendido por uma paisagem sem igual, onde um vasto manto verde se apresenta profusamente salpicado de vários cambiantes de amarelo, dependendo do estado de maturação das suas flores.

O amarelo, contrastando com o azul do mar e do céu, com o verde da vegetação, reflectindo a luminosidade ímpar do Sol da Caparica, emana fulgores dourados que estão, por certo, ligados ao imaginário popular do ouro amoedado que enriquecia a capa da velha, uma "Capa-Rica", segundo a lenda, na origem do topónimo de Caparica.

Não é difícil de crer que a velha mulher que a lenda refere, descesse do interior onde vivia num pobre casebre até à borda d’água, até ao acacial onde colhia muitas flores douradas que transportava no interior da sua capa. Os vizinhos e outras pessoas com que se cruzava vislumbravam laivos dourados consoante a misteriosa mulher se deslocava, imaginando que transportava consigo ouro amoedado de não menos misteriosa origem. Daí à lenda foi um passo, não muito longo, por certo.

O Gabinete da Paisagem Protegida da Arriba Fóssil da Costa de Caparica tem instalado nesta zona, à beira da Praia da Rainha, um Centro de Informações que proporciona aos visitantes passeios guiados por esta maravilhosa zona, percorrendo trilhos e caminhos onde a observação do acacial é mais interessante.

quinta-feira, fevereiro 15, 2007

a aguardar a primavera


guardiãs do tempo que passa
a Primavera não tarda
nas terras do Alentejo


Colónia de cegonhas brancas, Mimosa, Alentejo - Portugal

o ovo ou a galinha?

Terminei há pouco a leitura de um longo romance de quinhentas e setenta e quatro páginas. Depois de assumir e interiorizar o seu conteúdo sobrou-me a dúvida se, na realidade, existiria um tempo para dar a sua leitura por concluída. Por essa razão assumi o final da leitura do romance a páginas quinhentas e setenta, deixando as restantes a título de bibliografia e agradecimentos do autor.

Eu diria que a leitura das primeiras duzentas e oitenta e sete páginas, metade do livro, foram feitas a um ritmo impressionante. Daí em diante vi-me confrontado com uma leitura a um ritmo que implicava que o tempo de leitura tendesse para o infinito.

Fique claro que nada disto tem a ver quer com o interesse do conteúdo do livro, quer com o estilo de escrita do autor. Quanto ao conteúdo, trata de um problema que a todos nós preocupa, embora nunca aflorado desta forma pelo autor: “quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha?”

Quanto ao estilo de escrita, é uma escrita escorreita, sem recurso a palavras de consulta obrigatória a dicionário nem de conceitos parabólicos e complicados como os relógios de marca de última geração. Escrita de fácil leitura e melhor compreensão.

Contudo, quando a nossa leitura chega bem para lá da metade do livro encontramos a referência ao Paradoxo de Zenão que nos faz luz sobre a razão de a nossa leitura, a partir de certa altura, parecer tão lenta no tempo que passa.

“Aquiles, símbolo da força e da agilidade, corre para apanhar uma tartaruga, símbolo da lentidão, que se afasta dele. Mas quando chega ao lugar onde estava a tartaruga já ela não está lá porque avançou para um ponto mais adiante ; quando Aquiles chegar a este novo ponto já a tartaruga andou um pouco mais e assim sucessivamente, vemos que Aquiles nunca pode atingir a tartaruga, ao contrário do que sabemos que acontece”.

Condicionado sobre todas estas situações lá cheguei à leitura do aforismo de Lau Tzu:


“No fim do silêncio está a resposta
No fim dos nossos dias está a morte
No fim da nossa vida, um novo início.”


E da mesma forma conclui o autor: “Um novo início.”

Não sendo crítico literário, nem tão pouco um leitor qualificado não posso deixar de recomendar vivamente a leitura deste romance que agora vou arrumar na minha modesta estante.


A Fórmula de Deus, de José Rodrigues dos Santos, 574 páginas, editora Gradiva, 6ª edição, Novembro de 2006, ISBN 989-616-139-9

quarta-feira, fevereiro 14, 2007

uma flor para... a bel


querida amiga Bel te desejo mil venturas
continua a ser princesa de tua mãe
para felicidade de todos nós


Rosa dos jardins do Pinheirinho, Charneca de Caparica, Almada - Portugal

partilha de comentários

Julgámos que seria interessante trazermos para a ribalta da Oficina das Ideias três comentário que fizemos em excelentes postagens da nossa querida amiga Maçã de Junho. Aqui os transcrevemos...



Voar sempre

Dizia um velho operário da Oficina das Ideias:

“Há muito tempo atrás, tanto que se esconde no fundo do baú das memórias, [isto do tempo que passa tem muito que se lhe diga...] um acontecimento marcou-me para toda a minha vida. Sonhei que voava...

Sonho que se tornou recorrente, noite após noite, ano após ano, vida vivida, em que livre de qualquer peso, voava! Voava terras sem fim, passava oceanos e montanhas, ultrapassava obstáculos que se apresentavam como inultrapassáveis. Voava sempre, conduzindo o meu caminho com um simples gesto de braços.

Era pássaro, mas era também velho fotógrafo, louco marinheiro que conversava com o mar, com o “meu” mar. Esse mar eterno, azul, profundo, ora romântico e terno, ora violento e furibundo. E voava sempre...

Nesses voos sem fim encontrei doce companheira de sonhos, que me disse um dia referindo-se ao meu mar “esse teu mar que tanto me assusta, que tanto me aflige...” mas que sonhou voar no meu sonho para além do mar. E, então, voávamos sempre...”



O pecado

Pecado resulta de um julgamento cheio de subjectividade, de falsa moralidade, de preconceitos e de um desejo mórbido de fustigar o sentir dos semelhantes. Donde, na minha modesta opinião, considero que “pecado” não passa de uma palavra vazia de sentido.

O que descreves magnificamente no teu texto é antes: força de viver, esplendor de sentidos, exacerbar de quereres, o melhor que a vida nos concede... o prazer em toda a sua plenitude.

Aliás, como uma minha amiga que escreve crónicas magníficas costuma dizer “o poder e o prazer estão intimamente ligados”, donde os “donos” do poder, entre os quais as igrejas, procuram aniquilar o prazer dos outros para manterem o seu poder.

Este teu texto além de ser magnífico nos conceitos é um grito de alerta contra os preconceitos que nos procuram incutir desde muito jovens.



Onde tu estás...

Encostei-me ao balcão carcomido do velho boteco do cais das naus na procura do apoio que minhas bambas pernas já não me garantiam...
"ó Manel dá-me um absinto!"
"Outro?"
"Marinheiro aguenta muita dessa zurrapa..."

Enquanto aquela beberagem esverdeada deslizava pela minha garganta, bebida de um só golo, a última antes da queda, ainda pensei:

"Onde tu estás é onde eu quero estar..."

E a música forte continuou a tocar na velha telefonia de plástico.

terça-feira, fevereiro 13, 2007

emissor-receptor de poesia


voltado para o mar como gostava Neruda
recebe poesia dos pescadores e dos marinheiros
emite os sentires de um Povo que luta


"Emissor-receptor de Poesia", homenagem ao poeta chileno Pablo Neruda, Rotunda Pablo Neruda, Capuchos, Almada - Portugal

um belo sonho

espaço de poetar

Não sou poeta inspirado nem sequer sei construir rimas de espantar. Juntando algumas palavras , dando-lhe sentido e afecto, procuro nelas o encantamento



Sonhar é voar é ir mais além
Do que o pensamento nos admite.
É sentir o muito querer por alguém,
Por mais que a razão nos limite
O coração sempre quer e o permite

Em seu sonho tão linda e indefesa
Despojada de roupa e muito bela.
Sobre o leito espraia sua beleza,
Que o olhar se deslumbra e enovela
Em memórias que anima e desvela.

Seu rosto sereno faz-me pensar
Que vive um sonho belo e muito terno.
Lindos olhos boca de encantar,
A tranquilidade de um sentir eterno
Que ilumina de Verão dias de Inverno.

Seus seios de mulher que doçura
Por vermelha cambraia estão cobertos.
A imaginação voa longe e em loucura,
Por espaços amplos e abertos
Nossos sentidos são então despertos.

Seu ventre é suave e sensual
Arredondado e macio no sentir.
Está coroado por um brilhante divinal,
Que ilumina o caminho a seguir
No espaço e no tempo sinal do devir.

O âmago do seu ser seu tesoiro
Recatadamente velado ao meu olhar.
Emoldurado por delicioso tosão de oiro,
É um sonho sonhado de louvar
O muito querer porque não? o adorar.

Seus lindos olhos de mel eu beijei
Numa doce carícia sem ter fim.
Na exuberância do sentir eu fiquei,
Consigo eternamente junto a mim
A mente a dizer não o coração sim.

Por seus olhos de mel me perdi
Deixei-me envolver pela loira cabeleira.
Aconcheguei-a a meu peito e senti
O calor de seu corpo duma maneira
Como se para mim fosse a vez primeira

Sonhei-a no Arco-Íris celestial
Por terras e mares maravilhosos.
Adorei sua imagem única sem igual,
Seu olhar e sorriso maliciosos
De seu corpo contornos deliciosos.

Queremos muito que o sonho não acabe
Mas tudo que começa tem um fim.
Diz o Povo que é aquele que mais sabe
Mas porque o pouco é imenso para mim
O sonho me ensinou um eterno sim.


segunda-feira, fevereiro 12, 2007

"coelhinho" silvestre


no amplo tapete verde inebriante
uma pequena flor silvestre, mimosa
é o contraste que encanta o olhar


"Coelhinho", flor silvestre da Mata dos Medos, Almada - Portugal

43 meses na blogoesfera

Quarenta e três meses de presença continuada na blogoesfera. Publicação diária e regular de textos e imagens originais tal como estipula o estatuto editorial da Oficina das Ideias.

Não encontramos razões explícitas para que tal aconteça, mas na realidade a média do número de visitas diárias passou, em pouco mais de trinta dias de cerca de 200 para 349. Quanto ao número de comentários está estabilizado nos 70/80, tendo diminuído significativamente o número de comentadores. A interactividade continua a ser muito reduzida.

Visitas – 142.645, a uma média de 349/dia e com origem em 114 países diferentes, valores facultados pelo SiteMeter e pelo NeoWORX
Comentários no mês - 80, de 14 comentadores
Total de posts – 2.677, onde cerca de metade são fotografias da autoria do nosso amigo Olho de Lince
Um agradecimento especial a Blogger.com e a Blogspot.com onde editamos e alojamos a Oficina das Ideias desde a primeira hora.


Quadro de Honra

Sónia Ferreira, do ao_Sul
Diniz, do A Corte d’El-Rei
CláudiaP, do Tudo ou Nada
Lígia
Maçã, do Maçã de Junho
Rui Manhente, do Viandante
Luísa Margarida, do Contabile
Yonara, do Templo de Hécate
Ismael, do Café Alexandrino
Lenore, do Verdades Cruéis
Lualil, do Traduzir-se...
Lila
My Lady, do Your Lady
BB, do O Meu Anel



A TODOS o nosso Muito Obrigado

domingo, fevereiro 11, 2007

paraíso verde


mata dos medos (dunas que na mata se integram)
pinhal d'el rei também chamada
verde em mil tonalidades


Mata Nacional dos Medos, Pinhal d'El Rei, Almada - Portugal

gato e romãs

Após uma visita que realizámos Foz do Arelho onde pude apreciar na marginal à Lagoa de Óbidos um excelente conjunto escultórico fiquei curioso sobre o seu significado. Duas peças complementavam-se nesse conjunto escultórico: uma janela com um gato sentado na sua característica posição e uma mesa de toalha posta com uma taça contendo três romãs.

Procurei, na altura, junto do dono do restaurante anexo ao Museu Bordalo Pinheiro, onde almoçámos, saber o significado das esculturas. Perante a negativa ficou a promessa que não vi concretizada de tal explicação ser procurada junto da vereadora da Cultura e Turismo da Câmara Municipal das Caldas da Rainha.

Encetei, então, as minhas pesquisas, tendo publicado na Oficina das Ideias a imagem das esculturas e o apelo à blogoesfera do esclarecimento desejado. NADA!



Contactei, entretanto, a Junta de Freguesia da Foz do Arelho, o Turismo das Caldas da Rainha... Muita simpatia, mas poucos esclarecimentos. A Dona Iolanda do Turismo caldense desenvolveu as suas melhores diligências até que consegui obter a memória descritiva do referido conjunto escultórico.

Aqui fica o significado e as intenções dos escultores autores para que conste...


Gato na Janela [“Mashrabiya”]
Nós usámos a imagem de um gato que é um animal com um longo historial e origem de muitas lendas e mitos controversos (tal como a história do nosso Povo). Encontrar a “mashrabiya” na janela do velho edifício do Museu da Cerâmica é como regressar à minha casa em Israel. O gato e a “mashrabiya” encontraram-se numa escultura em Portugal.

Mesa com toalha, posta com taça de loiça e três romãs [“Still Life with pomegranates”]
Durante este simpósio nós fizemos uma escultura de “natureza morta”. Na mesa “colocámos” 3 romãs. Um antigo símbolo de fertilidade e saúde na nossa cultura. Estou encantado de encontrar em Portugal a palavra correspondente a “pomegranate” romã a mesma que em hebraico rimon.


Escultura realizada no âmbito do 7º Simpósio da Escultura em Pedra, Caldas da Rainha 1998; autores: Varda Ghivoly e Ilan Gelber

sábado, fevereiro 10, 2007

uma flor para... a mariazinha


amiga de tantos anos
desejo-te muitas felicidades
neste dia de alegria


Rosinhas amarelas dos jardins de Valle do Rosal, Almada - Portugal

frevo, 100 anos (2)

Ontem, a propósito da comemoração do Centenário do Frevo, publicámos um pequeno conto da série “Sentir o Povo que Vive” em que o Fotógrafo percorrendo calçada recifense acima se cruzou com um desfile de “frevo” onde a Escritora dava aso á sua alegria de viver o Carnaval.

Logo depois chegou a “resposta” dada pela minha querida Amiga Lualil no seu Traduzir-se... Eis a transcrição desse texto cheio de afecto:


“Mais uma vez.. carnaval
Para o meu amigo fotógrafo e companheiro de longas caminhadas.

Arrumava-se agitadamente. Sentia-se ansiosa afinal era aquele seu primeiro desfile. Muitas vezes viu de olhos brilhantes toda aquela gente colorida e alegre passar.. muitas vezes sonhou ser uma delas. Sentia o batuque estremecer seu coração. Sua cultura a fazia se sentir viva, alegre e sonhadora. Agora só lhe faltava o cocar que ajeitou carinhosamente na cabeça deixando alguns cabelos soltos na frente e levou nas mãos o cocar que iria entregar a alguém. Certamente não parecia uma índia muito verdadeira mas, havia algo em sua alma que a fazia a índia mais feliz naquele momento.

Vamos vamos! Gritava o mestre.

Desfilaram pelas ruas do Recife antigo sentindo o calor de toda aquela gente da terra e muitos olhos encantados que vinham de todos os lugares do mundo.

Ela sempre que possível procurava um clique de uma determinada máquina fotográfica. Já havia atravessado quase toda a rua e não havia conseguido encontrar o fotógrafo que com ela subia e descia as calçadas da cidade a viver a sentir os movimentos daquela gente. Mas ela sabia que ele estava por lá. Ela sentia.

Sentiu uma ligeira tontura e precisou buscar pelo apoio de alguém que estivesse próximo. Segurou no braço de alguém até sentir que estava bem outra vez. Quando se recuperou, viu os olhos do fotógrafo a olhar nos seus. Sorriu, beijaram-se e ainda mais feliz seguiu até ao final do desfile.”

sexta-feira, fevereiro 09, 2007

gaivinas


pequenas aves irrequietas
velozes nas artes de pesca
de alimentos na beira-mar


Grande Areal. Praia da Fonte da Telha, Almada - Portugal

frevo, hoje 100 anos

Comemora-se hoje o I Centenário do Frevo, dança e música tradicional pernambucana, vivida na sua total intensidade na época carnavalesca na maravilhosa cidade do Recife. O pessoal da Oficina das Ideias deixa aqui uma saudação especial à nossa querida Amiga Lualil que dedica o seu Traduzir-se... de hoje ao Frevo e transcrevemos um singelo conto do dia em que o Fotógrafo “caminhando calçada recifense acima” encontrou a Escritora no desfile do Frevo.


O Fotógrafo acordou cedo. Pode mesmo dizer-se que madrugou. A noite fora atravessada por muitos sonhos, sempre com o mesmo tema. O Fotógrafo voou, planou montanhas e mares, evitou obstáculos somente com um ligeiro impulso do seu corpo que se confundia com o voo das gaivotas, dos corvos do Pinhal dos Medos, das rolas imigradas da Turquia.

Acordou cedo e cedo se fez à calçada. Não seriam necessárias palavras nem combinações prévias. O Fotógrafo sempre encontrava a Escritora e sempre deambulavam parceiramente pela calçada. O Sol já levantara da linha do horizonte e já aquecia os corpos.

O Fotógrafo estranhou. Não encontrou a Escritora como era habitual. Rumou seus passos na direcção do mar. Caminhou para a zona portuária. A azáfama matinal distraiu seus pensamentos. Movimento intenso das cargas e descargas de abastecimentos para esta urbe imensa. O movimento portuário sempre o encantara.

As horas foram passando com uma lentidão nunca sentida quando a Escritora estava presente. É estranha a forma de sentir o tempo que passa, assunto que muito ocupou as conversas entre o Fotógrafo e a Escritora e que aquele agora bem sente no espírito e no corpo.

A temperatura elevada não travou os passos do Fotógrafo que num caminhar lento se foi aproximando na zona antiga da cidade. A quantidade de pessoas na rua aumentava a olhos vistos e o Fotógrafo sempre imaginava ver a silhueta inconfundível da Escritora no meio da populaça. Sempre concluía tratar-se de uma ilusão.

O Fotógrafo foi confrontado com a efervescência de uma grande massa popular movimentando-se num vai-e-vém contínuo e em diversas direcções [frevo]; uma autêntica confusão, movimento desordenado e desarrumado [maracatu] mas com grande animação que contagiou um pouco o Fotógrafo que procurava um rosto amigo no meio de tanta gente.

Passaram grupos de homens e mulheres, trajando vistosos cocares de penas de avestruz e pavão, com saia também de penas, trazendo adereços nos braços e tornozelos. Que desfile animado e que evoluções tão ricas executadas ao som dos estalidos secos das preacas. [caboclinhos]

O Fotógrafo estava deliciado com tamanha demonstração de vitalidade e de cultura popular. Por isso mesmo se sentia mais só. As explicações, o saber e o afecto da Escritora seriam fundamentais num momento como este.

De repente, o Fotógrafo temeu estar a ter uma nova miragem, era a Escritora que vinha alegremente integrada naquela alegoria carnavalesca. Agora sim, não havia dúvida. O Fotógrafo acenou-lhe alegremente. Trocaram um sorriso. O Fotógrafo, pouco depois, regressou ao seu quarto do hotel. Feliz por ter sentido a Escritora plena de Felicidade.

quinta-feira, fevereiro 08, 2007

claudinha


nome querido desenhado nas artes
rumo ao mar na procura
da prata feita pescado


Artes do Grande Areal. Praia da Fonte da Telha, Almada - Portugal

Demência

espaço de poetar
Não sou poeta inspirado nem sequer sei construir rimas de espantar. Juntando algumas palavras , dando-lhe sentido e afecto, procuro nelas o encantamento



Cabelos esbranquiçados em desalinho
De noites mal dormidas
De vida mal vivida

Cruel foi a vivência que de tal forma lhe afectou o pensamento.

E o sentir?

Gestos largos poéticos... patéticos
Mitológicos até
Gestos bruscos com um não sei quê de simiescos

Atenciosos e deferente para os outros entes
Que lhe são superiores?

Ameaçador,
Tenebroso,
Horrível...

Desalento,
Submissão,
Indiferença,
Brusquidão,
Ameaçadora brusquidão.

quarta-feira, fevereiro 07, 2007

poente tranquilo


o sol poente no grande areal
cria tonalidades únicas
tranquilidade


Grande Areal. Praia da Fonte da Telha, Almada - Portugal

comunicar é preciso

Desde os tempos em que o registo da memória me permite saber que tenho navegado nos mares da comunicação, comunicação bidireccional ou comunicação multidireccional, aquela que proporciona maios interactividade, aquela que não destingue o emissor de receptor.

Os mares por onde tenho andado, umas vezes azul outras não tanto, mais para o acinzentado, têm sido fundamentais para o meu crescimento como ser humano, pois tenho encontrado nessas águas ricas o local ideal para a partilha do saber.

Percorri as rádiocomunicações, populares e livres, que quebraram fronteiras na Europa muito antes da existência da União Europeia, aliás derrubando fronteiras no Mundo inteiro, independentemente da religião, da política, do estatuto social das gentes que comunicavam entre si.

Percorri os caminhos da aprendizagem mais do que do ensino, aprendizagem, quantas vezes feita à distância, com o recurso às tecnologias da informação emergentes, percorrendo as auto-estradas do saber partilhado.

Rejeito ou utilizo com cautela a comunicação em que me “obrigam” a funcionar exclusivamente como receptor, especialmente quando detecto intenções de intoxicação, o que acontece amiúde nos debates televisivos, nos discursos dos políticos, nas conferências de imprensa.

Não quero com isto dizer que numa comunicação dialogante não aprenda mais com o que oiço do que com o que digo, mas não invalida que não aceite ser forçado a ouvir quem nada tem para partilhar, antes pretende impor a sua “verdade” como dogma, logo, sem discussão.

Como há dias dizia um popular entrevistado por uma cadeia de televisão “eles falam muito mas nós não percebemos nada”. E quando o Povo não entende não sou eu suficientemente iluminado para aceitar ouvir.

Revejo na blogoesfera esse mundo maravilhosa da verdadeira comunicação, da partilha do saber, da permuta de afectos, da interactividade enriquecedora do ser humano. Também ela muito azul, muito luminosa em que o cinzento surge como em tudo na vida, mas logo é afastado pela força do muito querer.

terça-feira, fevereiro 06, 2007

uma flor para... a bb


desejo-te muitas felicidades
neste dia festivo
que os teus sonhos se realizem


uma rosa dos Jardins do Pinheirinho, Charneca de Caparica, Almada - Portugal

História Incompleta

a suavidade do erotismo
São eróticos os mais belos textos escritos pelo homem, pois o erotismo faz parte do sentir mais profundo do ser humano. Em prosa, em verso ou em imagem toda a suavidade do sentir e do querer


A tarde de meados de Agosto estava pardacenta mas luminosa e muito quente, próprio da tradicional época de trovoadas, tal como no dizer popular "Primeiros dias de Agosto, primeiros dias de Inverno".

Do interior do confortável gabinete, refrescado por ar condicionado eficiente, Sónia observava o baloiçar lento dos troncos das árvores provocado pelo vento que soprava do Sul. No exterior a temperatura deveria ser elevadíssima.

Sónia sentia-se bem no conforto da roupa que envergava, plena da sensualidade natural de quem tem muita confiança em si própria. Calças pretas de tecido leve, folgadas nas pernas e justas na estreita cintura e nos artelhos. Blusa branca, de manga cava, muito transparente, através da qual se vislumbrava nitidamente o soutien de bordados translúcidos onde espreitavam os bicos dos seios atrevidos.


Aqui deixo o desafio para que acrescentem um parágrafo a este texto singelo

segunda-feira, fevereiro 05, 2007

espera


os barcos das "artes" aproximam-se
em breve vão deixar bom manjar
para as gaivotas que esperam


gaivotas no Grande Areal, Praia da Fonte da Telha, Almada - Portugal

o elefante

Quando eu era menino tinha um grande encantamento pelo circo que de tempos a tempos passava pela localidade em que vivia, muito em especial, pelos animais que levavam consigo, particularmente, os enormes elefantes. Ainda me recordo da alegria que sentia quando chegava o Circo Mariano.

O elefante fazia sensação pelo seu tamanho, pelo peso e força descomunal que demonstrava durante a sua actuação... Contudo, depois de actuar e enquanto não voltava à pista do circo o elefante ficava preso unicamente com uma corrente ligada a uma pequena estaca cravada no solo.

Estranhava que uma pequena estaca e uma frágil corrente mantivessem preso um animal capaz de derrubar uma frondosa árvore somente com a sua força. Qual a razão que essa força não era utilizada para arrancar a corrente e fugir?

Perguntei a muitas pessoas mas sempre me davam justificações pouco convincentes. Diziam-me muitas vezes que não fugia por estar amestrado. Mas se estava amestrado qual a razão para o prenderem? Nunca me deram uma resposta coerente e esta dúvida acabou por ficar submersa no baú das memórias.

Um dia a vida vivida deu-me a resposta a esta questão. “O elefante do circo não fugia pois havia estado preso a uma estaca semelhante desde muito jovem”. Cerrei os olhos e imaginei o pequeno elefante preso por uma corrente e um estaca. Por certo, nessa altura, o elefante esforçou-se, tentou soltar-se e não conseguiu. No dia seguinte nova tentativa sem êxito. E no dia seguinte. E no outro... A estaca era nessa época muito forte para ele.

Até que um dia, um terrível dia na sua vida, o animal aceitou a sua impotência e resignou-se ao destino.

O elefante agora enorme não foge porque pensa que NÃO PODE. Tem registada na memória a recordação da sua impotência e jamais voltou a questionar esta situação. Jamais voltou a tentar por à prova a sua força para se libertar da prisão da corrente e da estaca.

Cada um de nós somos um pouco como este elefante. Percorremos a vida com estacas (preconceitos) que nos limitam a liberdade. Vivemos crendo numa série de coisas que “não podemos”, simplesmente porque alguma vez tentámos e não pudemos. Gravamos nas nossas recordações: “Não posso!”. “Não posso e nunca poderei!”.

A única forma de saber a verdade, é tentar de novo...

Texto baseado numa estória enviada pela minha amiga Marta (da Argentina), de autor desconhecido.

domingo, fevereiro 04, 2007

artes no grande areal


depois da rebentação prateada das ondas
mar tranquilo e acolhedor
labuta diária das artes da pesca


pesca das artes no Grande Areal, Praia da Fonte da Telha, Almada - Portugal

Sabor de Portugal em Keszthley

o meu caderno de viagens
Pequenos apontamentos rabiscados num caderno de viagem e agora partilhados com os leitores. Os sítios, as gentes, os costumes e as curiosidades observados por quem gosta mais de viajar do que de fazer turismo



A viagem de autocarro, entre Budapeste e Keszthely, junto às margens do Lago Balaton, realizou-se ao fim da tarde, após a chegada dos restantes companheiros da jornada, vindos dos mais diversos países da Europa. O percurso feito na sua quase totalidade em auto-estrada decorreu de forma agradável, com uma paragem para café e desentorpecimento de pernas numa área de serviço perto de Siófok.

Chegados a Keszthely já noite cerrada houve que proceder à nossa instalação no hotel, um autêntico palácio que havia sido adaptado à indústria hoteleira e à realização de grandes eventos, de um modo geral com o patrocínio governamental. Depois... procurar onde jantar que a hora já se fazia tardia e nada conhecíamos desta pacata cidade, especialmente, na época outonal, que era o caso.

O nosso grupo, nove pessoas, nós próprios, mais três casais vindos da Catalunha e o sempre solteiro e bem disposto Vicent, lá partiu à descoberta de um local onde jantar. Algo típico, foi a opinião da maioria. O restaurante Apoteke (farmácia) foi o escolhido.

Entrámos, no que mais parecia uma caverna talhada em bruto na pedra. Excelente decoração e ambiente. Éramos os únicos clientes, pata um único empregado, mais as gentes da cozinha.

Nós constituíamos uma equipa poliglota. Falávamos português, castelhano, catalão, francês, inglês e, até, alemão. O empregado somente húngaro. A lista estava escrita unicamente em húngaro. Por sinais nos entendíamos. Mas nada mais. Que escolher para a tão desejada refeição.

Uma ideia peregrina, digna desta Oficina, digo eu. Vamos encomendar “um de cada da lista”. E assim foi. Devem calcular as surpresas que tivemos. O quanto a nossa experiência gastronómica aumentou. Foi um jantar inesquecível.

Uma nota final. No meio de tantas especialidades húngaras, de tantos molhos e condimentos esquisitos, a diversos milhares de quilómetros de Portugal, o meu olhar foi atraído para um pequeno frasco amarelo de tampa vermelha: mostarda Savora, fabricado em Loures, Portugal.

sábado, fevereiro 03, 2007

conviver tranquilidade


caminhar na beira-mar, espuma de prata
beija a nossos pés doirada areia
cumplicidade do mar aqui tão perto


na Praia da Fonte da Telha, Almada - Portugal

coragem

Passaram mais de 30 anos sobre o acontecimento que aqui recordo. Não tinha sido ainda comemorado o primeiro aniversário do glorioso 25 de Abril de 1974 e a actividade política era febril. Reuniões e mais reuniões, debates de ideias, o traçar de objectivos para uma nova sociedade emergente da “revolução dos cravos”.

A residir à época em Agualva, concelho de Sintra, na área da Grande Lisboa, fazia deslocações frequentes a Belas, uma povoação do mesmo concelho, e a Lisboa onde reunia e aprendia com pessoas que há longos anos lutavam contra a ditadura, na senda de uma sociedade mais justa.

Um dia, para mim surpreendentemente, recebi a incumbência de dirigir os trabalhos de uma reunião plenária do distrito de Lisboa. O chão pareceu-me fugir debaixo dos pés nos meus inexperientes 31 anos de vida e muito poucos de militância política.

Aceitei. Não quis desdizer na confiança que em mim depositavam. Senti o amparo de muitos camaradas de luta, mais velhos e experientes, que me incentivaram a aceitar. “_Vais conseguir sair-te bem dessa tarefa! Estamos ao teu lado!”. Senti-me pequeno perante a dimensão da tarefa que me era atribuída.

No dia seguinte... tudo havia passado. Com a maior normalidade [julgo que com muita consideração dos meus camaradas pela minha inexperiência] foram ultrapassados os meus receios e a tarefa havia sido realizada e já nos preparávamos para as seguintes.

....................................................

Muitos anos passados...

Uma querida amiga, jovem de pouco mais de 26 anos, companheira de muitas caminhadas pelas veredas do sentir, sempre no objectivo de conseguirmos um mundo melhor, mais justo solidário e de Paz, recebeu a incumbência de dirigir um comício com a participação previsível de largas centenas de pessoas.

Tarefa enorme, aceitou-a com coragem. Rolaram-me lágrimas de alegria, de orgulho desmedido de merecer a amizade de uma pessoa assim. Sei que vais com o coração pequenino, mas que somente vais sentir as mãos húmidas nos primeiros minutos do acontecimento. O calor dos camaradas vai reconfortar-te.

Hoje, no meu cantinho, mesmo que encoberto por uma coluna do salão, vou transmitir-te a energia que a minha situação de ancião ainda permita. E vou sentir-me feliz por me quereres ter para teu amigo. Camarada!

sexta-feira, fevereiro 02, 2007

lua de fevereiro


lua de Fevereiro, ainda com sabor a Janeiro
brilha intensamente no firmamento
cúmplice de sentires e de amores


Lua de Fevereiro a 100%

transparência

espaço de poetar
Não sou poeta inspirado nem sequer sei construir rimas de espantar. Juntando algumas palavras , dando-lhe sentido e afecto, procuro nelas o encantamento



Pequenita, formosa,
Jeitosinha até
Morena,
Mais escura ainda
Algo cigana.

Caminha prazenteira
Empurrando um carrinho de bebé
Onde transporta
A filha de seu ser
Pedaço da sua carne,
Do seu íntimo.

Os olhos que a fixam
Abrem de espanto
Incrédulos
Olhar agora mais atento,
Semicerrado.

Por debaixo da blusa branca,
Transparente
Vislumbram-se seios bonitos,
Atrevidos
Com os bicos muito escuros,
Arrogantes
Querendo trespassar
A ténue protecção
Diáfana fantasia,
Imaginação.

quinta-feira, fevereiro 01, 2007

conchas do grande areal


as areias do grande areal
são decoradas pela Natureza
com maravilhosas conchas de bivalves


Praia da Fonte da Telha, Almada - Portugal

em janeiro 2007 a oficina publicou

Textos
Dia 1 – Olho de Lince
Dia 2 – Em Dezembro de 2006 a Oficina das Ideias publicou
Dia 3 – Olhares
Dia 4 – Um sorriso para Lualil
Dia 5 – Quarenta e dois meses na blogoesfera
Dia 6 – Dia dos Reis Magos; A Oficina no Mundo; Novos indicadores de leitura
Dia 7 – Mar da Caparica
Dia 8 – As Janeiras de Charneca de Caparica
Dia 9 – Os meus avós [do fundo do baú de memórias]
Dia 10 – “Luna Sapiens” de In Tempus
Dia 11 – Escrevi
Dia 12 – Palavras
Dia 13 – As andorinhas de Valle do Rosal
Dia 14 – Madrugar
Dia 15 – Noites de Almada
Dia 16 – Tatiana
Dia 17 – Se eu fosse...
Dia 18 – O beijo de cada signo
Dia 19 – Sua letra revela quem você é
Dia 20 – Teu corpo, uma jóia
Dia 21 – A arte xávega do Grande Areal
Dia 22 – Teus lábios de carmim
Dia 23 – Pelo Sim! nós votamos
Dia 24 – Agasalho de amor
Dia 25 – Leva um amigo contigo
Dia 26 – Voar no sonho
Dia 27 – Corpo angelical
Dia 28 – O ar que respiramos
Dia 29 – Inspiração
Dia 30 – A ponte da solidariedade
Dia 31 – “Arma” inconveniente

Imagens
Dia 1 – O mar do dia primeiro
Dia 2 – Viva Neruda
Dia 3 – Lua de Janeiro, o mês primeiro
Dia 4 - Flor de alegria
Dia 5 – Mar forte de Janeiro
Dia 6 – Do Natal aos Reis
Dia 7 – Teias da vida
Dia 8 – Um véu de neblina
Dia 9 – Anda música no ar
Dia 10 – Canto meu sentir numa flor
Dia 11 – Tranquilo mar
Dia 12 - Velho resistente
Dia 13 – Quiosque azul
Dia 14 – Bagas vermelhas
Dia 15 – Escada misteriosa
Dia 16 – Tranquilo pôr-do-sol
Dia 17 – O nosso sonho
Dia 18 - Covos a estrear
Dia 19 – Marcas na areia
Dia 20 – Mar e(é) energia
Dia 21 – Mar de lendas mil
Dia 22 – Pedra Mu
Dia 23 – Iluminar iluminuras
Dia 25 – Uma “pintura” mural
Dia 26 – Fim-de-tarde tranquilo
Dia 27 – Convite para “carnavalar”
Dia 28 - Mítico cabo mar tenebroso
Dia 29 – Marcas no areal
Dia 30 – Cruzeiro da Senhora do Cabo
Dia 31 – Portal com vieira


Uma flor para...
Dia 24 - ...a Sílvia

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