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quarta-feira, outubro 31, 2007

simplicidade

paredes de pura alvura
flores singelas
paisagem imensa


Casa na aldeia de Terena, Alandroal - Portugal

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noite das bruxas

tradição e cultura popular
A tradição resulta da memória colectiva de um Povo, autêntico património invisível que se transmite entre gerações e representa o mais elevado expoente da cultura popular. Aqui se deseja dar conta desse repositório




Há muitos anos atrás, nas terras verdejantes e húmidas da Irlanda, vivia um camponês, de seu nome Jack, que ganhava a vida com um próspero negócio de nabos, de que possuía uma vasta plantação. O Diabo perseguia-o com tentações a que o camponês ia resistindo.

Usando das suas artimanhas o camponês conseguiu que o Diabo subisse para o alto de uma árvore. De pronto, empunhando um machado esculpiu na árvore um enorme crucifixo aprisionando o Satanás.

Este, velho e sabido, propôs um pacto ao camponês. O camponês limpava o crucifixo da árvore, libertando-o, que este nunca mais o perseguiria com tentações. O camponês aceitou e o pacto se cumpriu.

Um dia o camponês morreu. Como pecados não tinha dirigiu-se ao Céu. Mas aí não foi aceite pois tinha em vida feito um pacto com o Diabo. Sem alternativa, dirigiu-se ao Inferno onde foi, igualmente, rejeitado, pois em vida nunca tinha sido pecador.

Sem ter para onde ir, Jack foi condenado a vaguear eternamente entre os vivos e regressou à Terra cheio de vergonha tentando esconder-se à curiosidade e desdém dos que por cá tinham ficado. Condenado a ser visível de 31 de Outubro para 1 de Novembro encontrou como solução disfarçar-se cobrindo a cabeça com um enorme nabo oco e onde abriu uns olhos e uma boca.

Então, ele implorou a Satã que acendesse brasas para iluminar seu caminho. O Diabo deu-lhe um pequeno pedaço de carvão incandescente. Para proteger a luz, o irlandês colocou o carvão dentro do buraco do nabo. Surgiu assim o "Jack o'Lantern" (Jack da Lanterna) como é conhecido. E, assim, dessa forma, os irlandeses comemoram a noite de “halloweene” desde os tempos imemoriais.

Quando os irlandeses emigraram em massa para os "states" levando consigo as suas tradições depararam-se com a existência de coloridas abóboras que foram adaptando à tradição, em substituição dos nabos.

Os norte americanos, “povo culto e de profundas tradições!”, logo trataram de exportar esta festividade para a Europa, como sempre entrando pelo norte de velho continente, provavelmente pela Suécia, estando agora em moda em Portugal. Negócio é negócio!



Uma outra origem da “Noite das Bruxas” encontra-se no facto de para os Celtas, o dia 31 de Outubro ser o dia fora do tempo, pois o calendário iniciava-se no dia 1 de Novembro e terminava no dia 30 de Outubro. Este dia então era considerado o dia em que o espaço entre os dois mundos deixava de existir, e os mortos nos vinham visitar. Estamos a falar do “Samhain” (que se pronuncia “sou-en”) e marcava o fim do Verão (samhain significa literalmente "fim do verão" na língua celta).

Samhain é também o antigo Ano Novo celta/druida, o início da estação da cidra, um rito solene e o festival dos mortos. É o momento em que os espíritos dos seres amados e dos amigos já falecidos devem ser honrados. Houve uma época na história em que muitos acreditavam que era a noite em que os mortos retornavam para passear entre os vivos. A noite de Samhain é o momento ideal para fazer contacto e receber mensagens do mundo dos espíritos.

Era no Samhain que os druidas marcavam o seu gado e acasalavam as ovelhas para a Primavera seguinte. O excesso da criação era sacrificado às deidades da fertilidade, e queimavam-se efígies de vime de pessoas e cavalos, como oferendas sacrificiais. Diz-se que acender uma vela de cor laranja à meia-noite no Samhain e deixá-la queimar até o nascer do sol traz boa sorte; entretanto, de acordo com uma lenda antiga, a má sorte cairá sobre todo aquele que fizer pão nesse dia ou viajar após o pôr-do-sol.

A ideia de usar um nabo surgiu com os Celtas, povo que se espalhou pela Europa entre 2 000 e 100 a.C. Um dos símbolos do seu folclore era um grande nabo com uma vela espetada.


A versão cristã do Samhain é o Dia de Todos os Santos, 1 de Novembro, que foi introduzido pelo Papa Bonifácio IV, no século VII, para substituir o festival pagão. O Dia dos Fieis Defuntos que se celebra a 2 de Novembro é outra adaptação cristã ao antigo Festival dos Mortos.As nossas crianças, os meus netos, nunca conheceram a magia do "pão por Deus" que fazia andar bandos de crianças no dia 1 de Novembro, dia de Todos os Santos, de porta em porta, de vizinho em vizinho, pedindo figos, nozes e outras guloseimas. Nossa culpa!

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terça-feira, outubro 30, 2007

chaminés da tradição

no alentejo é tradição
chaminé de fumeiro para os enchidos
de chupão para o "fogo de chão"


Chaminés em Juromenha, Alandroal - Portugal

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rota de sabores

sentados à mesa... gostámos
Viajar pela rota dos saberes, feitos de odores e sabores, numa partilha da degustação de comidas e de bebidas em casas de pasto, ao ritmo do coração




A Oficina das Ideias recomenda:

No Sítio da Fábrica, em Cancela-Velha, sentir os cheiros do Algarve profundo e ir ao Restaurante Costa comer Arroz de Lingueirão. Reservas 281.951.467

Junto à praia fluvial, bem perto do Castelo de Arouce, na Lousã, ouvir a água da ribeira cantarolar e ir ao Restaurante O Burgo comer Cozido servido na Côdea da Broa.

Na estrada da Comporta para Alcácer, no sítio de Cachopos, apreciar o voo tranquilo das cegonhas e ir ao Restaurante A Escola comer Batatas de Rebolão. [carne de porco no alguidar em massa de pimentão com batatinhas]. Reservas 265.612.816 Encerramento 2ª feira.

A seguir a Seia, já no caminho da Serra da Estrela, aprender como se fabricou o pão em tempos passados e ir ao Restaurante do Museu Nacional do Pão comer Açorda de Bacalhau. Reservas 238.310.760

Na Rua 1º de Maio, em Alcoutim, junto ao Rio Guadiana, recordar os tempos heróicos dos contrabandistas e ir ao Restaurante Ti Afonso comer Burras de Porco Preto Estufadas.

Logo depois da Barragem de Odeleite, na E.N. 122 à direita, apreciar as aves do sapal e ir ao Restaurante O Camponês comer Xerém de Codelipes [papas de milho com conquilhas]. Reservas 281.495.826

Entre a capela e o mar, na Ericeira, sentir o forte bater das águas e ir ao Restaurante Flor de Santa Marta comer Croquetes de Lavagante. Reservas 261.862.368 Encerramento 5ª feira.

Na saída da A23 para Castelo Branco (Sul), fazer uma pausa na viagem e ir ao Restaurante As Violetas comer um Rolo de Lulas com Camarão. Reservas 272.347.907

No centro da Vila de Sesimbra, na Rua Marquês de Pombal, passear nas pelas vielas estreitas e típicas e ir à Marisqueira Rodinhas comer uma Casco de Sapateira Gratinada. Reservas 212.231 557 Encerramento à 4ª feira.

Na mítica Avenida Luísa Todi em Setúbal, apreciar a Fonte Luminosa com o Golfinhos e ir à Adega do Zé comer Choco Frito. Reservas 265.238.970 Encerramento à 2ª feira.

Na Aldeia Serrana de Xisto de Talasnal, deixar que a paisagem nos envolva e ie ao Restaurante Ti Lena comer Cabrito Serrano com Batatas e Castanhas no Forno. Reservas 933.832.624 Só serve com marcação.

Na Invicta Cidade, lá para os lados da Constituição, sentir o falar à moda do Norte e ir ao Restaurante Pombeiro comer Tripas à Moda do Porto. Reservas 225.097.446 Na Internet AQUI.

Em Peniche, na Rua do Lapalusso, à beira do Bairro dos Pescadores, respirar o ar puro do Cabo Carvoeiro e ir à Tasca do Joel comer Pato Estufado com Castanhas. Reservas 262.782.235 Na Internet AQUI Encerramento à 2ª feira.

No Calhariz de Benfica, às portas de Lisboa, viver memórias dos piqueniques nas hortas e ir Restaurante Galé dos Manos comer Cabidela de Galinha do Campo [à 3ª feira].

Na Ericeira, a dois passos da Praia dos Pescadores, olhar o voo harmonioso das gaivotas e ir ao Restaurante O Barco comer Açorda de Lagosta em Côdea de Pão Saloio. Reservas 261.862.759 Encerramento 3ª feira.


Bom apetite!

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segunda-feira, outubro 29, 2007

perfeição

simetria perfeita, equilíbrio
aproxima-se do celeste azul
harmonia


Cúpula do Panteão Nacional, Lisboa - Portugal

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castelo do alandroal

Foi erguido no reinado de Dom Dinis, a primeira pedra lançada em 6 de Fevereiro de 1294 e a conclusão em 24 de Fevereiro de 1298, pelo “mestre de construir” de origem moura de nome Galvo, tal como se identificou no torreão à direita do portão do castelo, “eu Mouro Galvo”.

Desde a sua construção sofreu diversas alterações quer à traça original ao estilo gótico, quer mesmo às edificações acrescentadas, como sejam uma igreja que hoje apresenta traços renascentistas, os Paços do Concelho e a Cadeia da Comarca e a Torre do Relógio mandada edificar em 1744 no terraço da Igreja.

A Igreja é votiva a Nossa Senhora da Graça.


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domingo, outubro 28, 2007

chaminé de chupão

chaminé de chupão em telha portuguesa
puxa o fogo de chão, ateia
paixões nas noites de invernia


Chaminé de "chupão" com acabamentos em telha portuguesa, Alandroal - Portugal

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a revolta dos contadores de tempo

Os canais de televisão, quer os designados “canais abertos” quer os que chegam até aos nossos televisores através de cabo, apresentavam a essa hora, na generalidade, uma programação chatíssima. Filmes de violência gratuita, debates entre os nossos “homens da frente” que de tudo sabem imenso, televendas, música de cordel de acordo com play-lists internacionais...

No meu sótão há muito que parara o desassossego dos melros a piarem em fim-de-dia em cima do telhado e chegara o silêncio quebrado unicamente pela melodia de uma música a sair pelas colunas de som do computador. Mão amiga me fizera chegar acordes de Mantovani.

De súbito a agitação... Olhei o relógio de pulso... 2 horas da madrugada!

Dezenas de contadores de tempo que fui juntando com o passar dos anos reagiam cada um à sua maneira à institucionalizada “mudança de hora”. Era chegado o momento de, cada um de nós, “ganhar mais uma hora de vida” (logo, logo, seis meses depois perdida), dar um passo para entrarmos no chamado “horário de Inverno”, aqui no hemisfério Norte e, concretamente, em Portugal.

Os computadores, o de mesa e o portátil, que foram registando conhecimentos com o passar do tempo, ou com o tempo que passa, não necessitaram de qualquer intervenção, trataram da sua vida. Os despertadores de corda manual, preocupados unicamente com os ponteiros de marcar o tempo, pois o de despertar manter-se-á na mesma posição, pediam somente um pouco mais de corda para a hora de trabalho adicional. Os de pilhas e cristal de quartzo, somente a carecerem de que os ponteiros retrocedessem uma hora.

Depois... os contadores de tempo “muito especiais”...

Um relógio de Sol, conservador no sentir, quer lá saber disso da “hora legal”! Quer é o Sol de cada dia para desempenhar a sua função!

Uma ampulheta que deseja comemorar a ocasião e que pede para que lhe demos uma “viradinha” que ela de encarregará de lentamente deixar passar um a um os grãos de areia...

E o relógio de pulso da marca “Romano” em metal dourado e correia de pele natural? Bom esse magnífico relógio vindo ali das bandas do Cais do Sodré, pela mão do meu amigo Silva, do British Bar, esse para atrasar uma hora terá que ser adiantado.... [mistério!!!!]

Alguns minutos depois das 2 horas, seriam então 1 hora e 5 minutos, o sossego voltou ao meu sótão, como é próprio do adiantado da hora na pacatez da Oficina das Ideias.

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sábado, outubro 27, 2007

sonho sonhado

voa com sonhos sonhados
iluminados de prata pelo luar
são quereres de namorados


Avião rumo ao Aeroporto de Lisboa com Luar

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três castelos

nos caminhos do património
Visitar o património construído, e ouvir as estórias da sua construção e o sentir das pessoas que por o conhecerem tão de perto por vezes esquecem o seu real valor



Diversas regiões do nosso País têm uma referência às suas fortificações históricas como “os três castelos”, eventualmente, em resultado de uma estratégia de triangulação na defesa do território da invasão de outros povos, conseguindo, dessa forma, uma maior eficácia na mesma. Fica-nos sempre a ideia de que da “torre de menagem” de cada um dos castelos estão visíveis as torres dos outros dois que formam o triângulo.

Visitámos hoje três castelos implantados em território alentejano, construídos em épocas diversas, mas todos eles numa linha de defesa do que é hoje uma fronteira natural com Espanha, o Rio Guadiana, e que outrora terá sido fronteira entre territórios de outros povos, de outros sentires, até.

Visitámos os Castelos e Fortaleza de Alandroal, Terena e Juromenha...

Castelo de Alandroal
Foi erguido no reinado de Dom Dinis, a primeira pedra lançada em 6 de Fevereiro de 1294 e a conclusão em 24 de Fevereiro de 1298, pelo “mestre de construir” de origem moura de nome Galvo, tal como se identificou no torreão à direita do portão do castelo, “eu Mouro Galvo”.
Desde a sua construção sofreu diversas alterações quer à traça original ao estilo gótico, quer mesmo às edificações acrescentadas, como sejam uma igreja que hoje apresenta traços renascentistas, os Paços do Concelho e a Cadeia da Comarca e a Torre do Relógio mandada edificar em 1744 no terraço da Igreja.
A Igreja é votiva a Nossa Senhora da Graça.


Castelo de Terena
Construído numa posição dominante no alto de um monte integra a linha de defesa do Ria Guadiana.
Embora não se encontre garantia para a data do início da construção deste castelo, pode pressupor-se que tenha acontecido durante o reinado de Dom Afonso III (1248-1279), tratando-se de um exemplar de arquitectura militar medieva. Sofreu sucessivas alterações, donde a mais importante terá sido realizada no reinado de Dom João I que lhe deu o aspecto actual de fortaleza senhorial do período manuelino.



Fortaleza de Juromenha
É o mais antigo dos postos avançados de defesa do conjunto de que aqui hoje fazemos referência pois serviria o Califado de Córdoba na defesa de Badajoz no século X da Era Cristã.
A povoação e o castelo foram conquistados por Dom Afonso Henriques em 1167, auxiliado pelos homens do lendário Geraldo Sem Pavor a quem, como recompensa, foi atribuído o título de alcaide do castelo. Voltou ainda às mãos dos muçulmanos e definitivamente aos portugueses em 1242 por intervenção de Dom Paio Peres Correia.
Tem uma construção característica com recurso a materiais diversos, com muralhas de taipa revestidas em cantarias de granito e ardósia, mostrando bem as diversas épocas e usos de construção em cada uma delas.

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sexta-feira, outubro 26, 2007

lua de outubro

olhei a lua, sorriste-me
olhaste a lua, sorri-te
por magia da noite se fez dia


Lua Cheia às 5 horas e 51 minutos (100%)

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entrelinhas

A minha querida Amiga Ivone, do Um Silêncio de Paixão, publicou recentemente um excelente “slide-show” que aconselho vivamente a visualização e do qual retirei “sábias palavras” para elaborar o meu comentário que por lá tive muito prazer em deixar.

Trago agora para a ribalta da Oficina das Ideias tal comentário, sendo que em cursivo apresento as palavras e os conceitos com que a minha Amiga Ivone nos presenteou.


as linhas nas entrelinhas
Quando tracei as linhas da minha vida deixei-as tão juntas que não era possível escrever (e ler) nas entrelinhas

sem linhas
Um dia nas andanças desta vida tive que rever o traçado, melhor refazê-lo

sonhar esvoaçar
Sonhei percorrer mares e montanhas isento da força da gravidade

desejar
Procurei tua imagem, teu corpo, teus rosto, teu sorriso por essas terras do sem fim

sonhar esvoaçar
Porque de sonho recorrente se tratava...

adormecer e querer reviver-te
Perguntei qual era a verdadeira realidade

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quinta-feira, outubro 25, 2007

luz e sombras

no contraste de curvas e rectas
no contraste da luz e das sombras
encontramos a harmonia


Terraço na base do Zimbório do Panteão Nacional, Lisboa - Portugal

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o meu relógio

Como muitos dos habituais frequentadores da Oficina das Ideias sabem tenho uma paixão grande por tudo o que diz respeito “ao tempo que passa” e, muito em especial, pelos instrumentos que servem para o contar, não para o sentir, que isso é assunto mais complexo.

Dos diversos contadores de tempo que possuo há um muito especial que sempre designo por “o meu relógio”: um Omega Speedmaster Professional adquirido em 1967 por uma importância correspondente ao valor dos meus dois primeiros ordenados.

Este ano, o Omega Speedmaster Professional comemora o seu 50º Aniversário.

É um relógio para toda a vida, por ser o mais resistente e melhor desenhado de todos que existem. Ainda hoje se comercializa este modelo de corda manual a que no decorrer de 50 anos somente foram introduzidas algumas imperceptíveis modificações.

O Omega Speedmaster Professional é também conhecido como “o relógio que foi à Lua”, pois fazia parte do equipamento dos astronautas que pisaram a superfície lunar em 1969. Da mesma forma os cosmonautas soviético o começaram a usar nos anos 70 do século passado, continuando a fazê-lo até aos dias de hoje.


O Omega Speedmaster Professional é uma verdadeira lição de intemporalidade, mantendo-se como relógio de corda como foi criado em 1957 e com um aspecto que faz com que não dependa nunca do “gosto do momento”.

Eis o meu relógio...

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quarta-feira, outubro 24, 2007

geometria

linhas convergentes elevam-se
lembram a calote celeste
harmonia geométrica do universo


Cúpula hemisférica do Panteão Nacional, Lisboa - Portugal

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o panteão nacional

nos caminhos do património
Visitar o património construído, e ouvir as estórias da sua construção e o sentir das pessoas que por o conhecerem tão de perto por vezes esquecem o seu real valor



Tem esta designação desde 1916, antes era conhecida como Igreja de Santa Engrácia, designação pela qual o Povo ainda a reconhece, tendo sido fundada pela vontade da Infanta Dona Maria, filha do Rei Dom Manuel corria a época áurea de 1521 a 1577.

A sua existência numa magnífica situação paisagística frontal ao Rio Tejo, ali pelas bandas do Mar da Palha, não foi pacífica antes sujeita a inúmeros percalços, desde a profanação do sacrário em 1630, até à morosa reconstrução que se “arrastou” até 1668, até ao ruir completo da capela-mor ainda não concluída no ano de 1681.

A construção da Igreja de Santa Engrácia nos moldes arquitectónicos que hoje apresenta foi pasto de inúmeras discussões que arrastaram de tal modo as obras que entrou no imaginário alfacinha quando se refere uma obra de morosa realização ou quando se põe a hipótese de nunca ser terminada: “... é como as obras de Santa Engrácia...”.

Só viria a ser definitivamente concluída na segunda metade do Século XX, muitos anos depois de lhe ter sido atribuída a nova designação de Panteão Nacional, em 29 de Abril de 1916.

As personalidades que neste momento estão supultadas no Pateão Nacional são as seguinte:
Na sala dos Presidentes da República – Manuel de Arriaga, Teófilo de Braga, Óscar Carmona e Sidónio Pais.
Na sala dos Escritores – Almeida Garrett, João de Deus, Guerra Junqueiro e Amália Rodrigues.

Na sala de Humberto Delgado – Humberto Delgado e Aquilino Ribeiro.

Como Panteão Nacional abriga os cenotáfios, memoriais fúnebres erguidos para homenagear algumas pessoas ou grupos de pessoas cujos restos mortais estão em outro local, ou estão em local desconhecido, dos heróis da História de Portugal, Nuno Álvares Pereira, Infante Dom Henrique, Vasco da Gama, Pedro Álvares Cabral, Afonso de Albuquerque e Luís de Camões.
É muito interessante subir até ao terraço na base do zimbório, 181 degraus suaves, donde se desfruta uma magnífica vista sobre os bairros tradicionais de Lisboa.

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terça-feira, outubro 23, 2007

por uma nesga

por uma nesga entre colunatas
casa senhorial
num bairro típico de lisboa


Lisboa vista do terraço do Panteão Nacinal, Lisboa - Portugal

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a ponte da solidariedade

Chegado à Terra contactei os homens bons que ainda por cá existem e que continuam a lutar por um Mundo melhor, sem oprimidos, sem humilhados, sem discriminados, sem refugiados. Um deles abriu-me o coração e ofereceu-me um pote tapado, recomendando-me que na próxima alvorada numa planície doirada de espigas de trigo lhe retirasse a tampa e deixasse o tempo fluir.

Quando realizei esta tarefa que um homem bom me havia recomendado logo se desprendeu um Arco-Íris que fluiu na direcção do espaço, na direcção de Marte sem dúvida, donde das suas sete cores se destacava uma lista azul luminosa. Do lado de cá do Arco-Íris estava na realidade um pote, não cheio de moedas de oiro, como é da tradição, mas cheio de muito querer por um Mundo melhor.

E da ponta de lá? Aquela que chegou a Marte? Uma porta, melhor, um portão maravilhosamente trabalhado e um convite à comunhão do melhor que cada uma das civilizações continha. A partir desse momento, por uma ponte onde somente a Solidariedade podia passar uma permuta constante de bem estar veio engrandecer o Universo.

Tempos mais tarde os resultados estavam bem visíveis. Marte continuava a ser o que sempre fora mas com todas as cores que a Natureza lhe proporcionou. Na Terra os senhores do Mundo, os senhores do poder e da guerra não resistiram a tanta solidariedade e as pessoas voltaram a sorrir e cada terráqueo passou a ser responsável por todos os terráqueos.

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segunda-feira, outubro 22, 2007

batentes gémeos

batentes duplos de luciférica carranca
dão as boas-vindas a quem vem por bem
afastam os indesejáveis


Batentes gémeos numa porta de Santa Engrácia, Lisboa - Portugal

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outubro

“De amor nada mais resta que um Outubro
E quanto mais amada mais desisti:
Quanto tu mais me despes mais me cubro
E quanto mais me escondo mais me avisto.”

(Natália Correia, Poesia Completa)


O mês de Outubro, com o Outono já meado, representa muitas vezes o esquecer daquela paixão tão profundamente vivida nos meses de Verão. Amores de uma estação que convida ao romance e que arrebata corações no dardejar dos raios solares como se de Cupido setas fossem.

A maturidade da vida vivida resiste à mudança das estações e encontra no cinzento chumbo das nuvens, no vento agreste que sopra de quadrantes indeterminados, nas folhas caídas “de castanho de amarelo de vermelhão” coloridas, a atracção pelo aconchego de um abraço amigo, pelo conforto de um chocolate quente que escorre lentamente pela garganta.

Os sentidos vibram intensamente com o melodioso som dos violinos numa música eterna que vai impregnando o ar que respiramos como se do mais requintado perfume se tratasse. Quando te dispo, teu belo corpo sempre aparece coberto por diáfanos véus de encantamento. O mistério mantém-se numa paixão crescente.

Neste permanente jogo de sedução a tua escondida beleza é visível numa dimensão a que somente os eleitos atingem.

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domingo, outubro 21, 2007

concertinas

as concertinas foram estrelas
melodiosas e brilhantes
de uma festa bonita


6º Festival Nacional de Concertinas, Barrenta, Porto de Mós - Portugal

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só é meu aquilo que dou a outrém

Como é do conhecimento de muitos dos que me dão a honra de ler os meus textos sou coleccionador de pacotes de açúcar. Os restantes ficam agora a saber. É uma das colecções que podemos chamar “pobres” não pelo seu conteúdo que é riquíssimo, mas pelo custo das peças, a maioria obtida nos cafés com o sacrifício de beber um café sem açúcar, o chamado café dos apreciadores.

Há uns tempos atras, durante a participação telefónica num programa de televisão das tardes, dei conta deste facto num diálogo que estabeleci com o Carlos Ribeiro, apresentador do mesmo.

Passados alguns meses recebi um telefonema de uma telespectadora que assistira ao programa dizendo-me que tinha ouvido a minha intervenção, que dava muito valor a quem se dedicava ao coleccionismo e como havia juntado muitos pacotes de açúcar gostaria de se encontrar comigo para os entregar.

Encontro marcado. Na data e à hora combinada, pontualidade britânica, encontra-mo-nos num café de .... em Almada. Apresentações feitas, tratava-se de duas senhoras, irmãs, de elevada educação e delicadeza, moçambicanas de origem indiana, vindas para Portugal depois da independência do seu país de origem.

Dois dedos de conversa e a concretização do objectivo do encontro. Foram-me entregue um saco com imensos pacotes de açúcar que tinham juntado cuidadosamente. Uma alegria imensa, mais ainda de quem oferecia do que eu que os recebia.

Perguntei-me a mim próprio: “Mas ainda existe gente assim?” Que sentem tamanha alegria ao agradarem a outra pessoa sem nada esperarem em troca, a não ser reconhecimento. Não tenho, agora, quaisquer dúvidas que o “tal” mundo novo que está na vontade do “Cavaleiro da Esperança” ainda é possível.

Ainda existe neste planeta pessoas que valorizam mais a amizade, a solidariedade, os afectos do que o poder, o dinheiro, o egoísmo.

O mais importante: estas pessoas têm um nome, Maria Cristina e Maria Luísa.

O tempo que passa é mesmo assim.... um telefonema recente da Maria Cristina dava-me conta do falecimento da Maria Luísa. Faltaram as palavras nesse momento...

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sábado, outubro 20, 2007

ilha do amor

aqui se trocam promessas
de amor eterno
como se tal fosse suficiente para a felicidade


Margem esquerda do Rio Douro - Portugal

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rota das capelas

Gente laboriosa, dividindo o seu tempo de trabalho entre o mar e os pinhais, a população de Charneca (de Caparica) era bastante avessa a religiosidades e à prática do culto religioso. No entanto, os amplos espaços sem gente e o contacto íntimo com a Natureza eram propícios a que por aqui se instalassem algumas ordens religiosas. Também os senhores da nobreza não foram indiferentes a este apelo da tranquilidade.

Assim, não sendo o Povo um exemplo de religiosidade, por estas terras se instalaram alguns mosteiros, igrejas e capelas.

Apresentamos hoje na Oficina das Ideias uma primeira aproximação ao que designaremos como:



Rota das Capelas das Charneca de Caparica


Capela de Nossa Senhora de Monserrate
Situada no pátio da quinta de Monserrate, na Charneca de Caparica. Além da Padroeira, venera-se aqui com especial devoção, a imagem de São Luís. Rei de França. Na primeira metade do século XIX, pertencia a Francisco António Ferreira, conhecido por "Sola", por herança de seus avós.


Ermida do Bom Jesus
Encontra-se junto da residência da Quinta da Regateira, na Charneca de Caparica. Está privada de culto há bastante tempo. Tem a data de 1774 pintada em azulejos. Pertenceu a Domingos Rosa; depois a Domingos dos Santos e, actualmente, é propriedade dos herdeiros de Luís Álvaro.


Igreja Conventual de Nossa Senhora da Rosa
Foi pertença dos frades paulistas que se estabeleceram, na Charneca de Caparica, junto de um vale por onde, no Inverno, corriam as águas para o mar, e aonde, por vezes, chegam as marés. Desta igreja existe apenas o arco transepto, cravado na parede de uma casa que deveria ter sido a capela-mor.


Capela de Nossa Senhora da Assunção
Fica anexa à antiga residência dos padres da Companhia de Jesus, na quinta do Vale do Rosal. Pertenceu primeiro ao Colégio de Santo Antão e, depois, ao de Campolide, ambos dos mesmos
padres.

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sexta-feira, outubro 19, 2007

altaneiro e agreste

na margem direita do rio douro
levanta-se altaneiro em agreste serrania
convento agora abandonado e triste


Ruínas de convento na margem direita do Rio Douro - Portugal

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museu da escrita do sudoeste

Com a inauguração em Almodôvar, distrito de Beja, no passado dia 29 de Setembro, do Museu da Escrita do Sudoeste, foi dado um passo importante na divulgação das pesquisas e estudos sobre da origem da escrita, tal como hoje a conhecemos com base alfabetiforme.

A colecção permanente do Museu é constituída por significativo espólio de estelas onde se encontram gravados signos que são tidos como inscrições de Escrita Tartéssica, ou Escrita do Sudoeste como também é conhecida.

Esta escrita é, considerada pelos estudiosos sobre a matéria, a mais antiga escrita da Península Ibérica, existindo desde os primórdios da ocupação do território mais a Ocidente da Europa, tendo dela chegado testemunhos inequívocos do facto.

Fica, assim, por terra a teoria de que a primeira escrita praticada na Península teria sido “inventada” pelos Feníncios que para cá a haviam trazido aquando da sua ocupação peninsular.

O Museu da Escrita do Sudoeste, em Almodôvar, vai ser brevemente visitado pelo pessoal desta Oficina e com todos partilharemos os nossos sentires da viagem.

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quinta-feira, outubro 18, 2007

ao desafio...

tocam concertinas ao desafio
afinam quereres e sentires
no ar a musicalidade da tradição


6º Festival Nacional de Concertinas, Barrenta, Porto de Mós - Portugal

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a cb inimiga dos furacões

banda do cidadão em acção
estórias de heroicidade via éter, utilizando a banda do cidadão, as radiocomunicações de todos, de grande importância social, em época que se conhecia e reconhecia o valor do real voluntariado.




A ilha Dominicana nas Caraíbas tem a funcionar desde há alguns anos um sistema de radiocomunicações de emergência baseado em equipamentos de rádio CB, em estreita ligação com as entidades de socorro e de segurança da zona.

Para muitos amantes das radiocomunicações as deslocações que fazem à Dominicana não são para férias como a maioria das pessoas. Na sua bagagem em lugar dos calções de banho e da loção bronzeadora levam muitos quilogramas de material electrónico, de equipamentos emissores receptores, de antenas.

Voluntariamente deslocam se à ilha Dominicana para estudarem quais os equipamentos mais adequados por forma a ser possível estabelecer contactos rádio para o exterior da ilha, especialmente em época de crise.

A ideia nasceu em 1979, quando estações de rádio CB da costa americana receberam sinais rádio de fraca intensidade que eram concretamente pedidos de socorro. O furacão David tinha atingido violentamente a ilha Dominicana deixando 60 000, das 80 000 pessoas que constituem a população da ilha, sem casa e provocando 4 000 feridos e 40 mortos.

Só mais tarde, em 1985, foi possível encontrar apoios financeiros numa grande empresa multinacional fabricante de computadores, que permitiram modificar as condições, ficando a ilha Dominicana melhor preparada para enfrentar situações de emergência que viessem a verificar se no futuro.

Trabalhando conjuntamente com os cebeístas locais os seus colegas americanos desenvolveram um sistema de "ajuda rádio" ao qual aderiram muitos amadores das radiocomunicações, constituindo uma comissão de emergências na Dominicana.

A dinâmica introduzida pelos utentes da Banda do Cidadão conduziu a que outras entidades avançassem com propostas complementares absolutamente necessárias à concretização de um projecto global.

A Agência Internacional para o Desenvolvimento custeou um programa de treinamento em primeiros socorros o que na época teve efeitos altamente positivos, pois os bombeiros, que também são responsáveis pelo serviço de ambulâncias, nunca tinham tido cursos sobre técnicas de primeiros socorros.

Numa fase seguinte foi possível equipar os quartéis de Bombeiros, assim como algumas viaturas, com rádio CB dando lhes uma maior operacionalidade, pois até aí só poderiam ser informados, por exemplo, onde era o outro fogo, após terem regressado ao aquartelamento depois da resolução de um primeiro.

A própria Cruz Vermelha viu aumentada em muito a sua operacionalidade, tendo, inclusive criado um corpo de voluntários para condução de ambulâncias e com preparação em socorrismo.

Hoje em dia, fruto da sua situação geográfica, os ciclones e os tufões continuam a verificar se, mas a ilha Dominicana e as sua gentes encontram se muito melhor preparados para deles se defenderem.

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quarta-feira, outubro 17, 2007

agitação...

agitam-se à chegadas dos barcos
promessa de alimento fresco
voos de festejar


Bando de gaivotas no Grande Areal, Praia da Fonte da Telha, Almada - Portugal

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jantar no apotek

o meu caderno de viagens
Pequenos apontamentos rabiscados num caderno de viagem e agora partilhados com os leitores. Os sítios, as gentes, os costumes e as curiosidades observados por quem gosta mais de viajar do que de fazer turismo



A viagem de autocarro, entre Budapeste e Keszthely, junto às margens do Lago Balaton, realizou-se ao fim da tarde, após a chegada dos restantes companheiros da jornada, vindos dos mais diversos países da Europa. O percurso feito na sua quase totalidade em auto-estrada decorreu de forma agradável, com uma paragem para café e desentorpecimento de pernas numa área de serviço perto de Siófok.

Chegados a Keszthely já noite cerrada houve que proceder à nossa instalação no hotel, um autêntico palácio que havia sido adaptado à indústria hoteleira e à realização de grandes eventos, de um modo geral com o patrocínio governamental. Depois... procurar onde jantar que a hora já se fazia tardia e nada conhecíamos desta pacata cidade, especialmente, na época outonal, que era o caso.

O nosso grupo, nove pessoas, nós próprios, mais três casais vindos da Catalunha e o sempre solteiro e bem disposto Vicent, lá partiu à descoberta de um local onde jantar. Algo típico, foi a opinião da maioria. O restaurante Apoteke (farmácia) foi o escolhido.

Entrámos, no que mais parecia uma caverna talhada em bruto na pedra. Excelente decoração e ambiente. Éramos os únicos clientes, pata um único empregado, mais as gentes da cozinha.

Nós constituíamos uma equipa poliglota. Falávamos português, castelhano, catalão, francês, inglês e, até, alemão. O empregado somente húngaro. A lista estava escrita unicamente em húngaro. Por sinais nos entendíamos. Mas nada mais. Que escolher para a tão desejada refeição.

Uma ideia peregrina, digna desta Oficina, digo eu. Vamos encomendar “um de cada da lista”. E assim foi. Devem calcular as surpresas que tivemos. O quanto a nossa experiência gastronómica aumentou. Foi um jantar inesquecível.

Uma nota final. No meio de tantas especialidades húngaras, de tantos molhos e condimentos esquisitos, a diversos milhares de quilómetros de Portugal, o meu olhar foi atraído para um pequeno frasco amarelo de tampa vermelha: mostarda Savora, fabricado em Loures, Portugal.

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terça-feira, outubro 16, 2007

bandeirolas

sinalizam perigos sentidos
mas também a fartura de pescado
derrota e vitória das artes de pesca


Bandeirolas dos barcos de pesca do Grande Areal, Praia da Fonte da Telha, Almada - Portugal

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na dúvida… sai mais um

Mão amiga levou-nos até à Galé dos Manos, no Calhariz de Benfica. Hoje não vamos conversar sobre os excelentes manjares que por lá se degustam, mas tão simplesmente, de uma dúvida...

Triquiti?
Chiripiti?
Chiriquiti?

Na dúvida sai mais um... que mais parece o Sol a brilhar!!!


O Restaurante Galé dos Manos, situa-se no Calhariz de Benfica, nos arrabaldes de Lisboa. À terça-feira não perder um excelente arroz de cabidela.

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segunda-feira, outubro 15, 2007

uma flor para... a filipa

pequenina amiga neste teu primeiro aninho
que ainda não lês, mas sentes
te desejo tanta luz na tua vida como o Sol


Flor amarelo/dourado como o Sol dos jardins de Valle do Rosal, Charneca de Caparica, Almada - Portugal

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o outono

Outono do amor outono das aves
E de vozes caladas e de folhas
Molhadas de temor e surdo pranto

[Gastão Cruz, Poemas Reunidos]



O Outono bateu à nossa porta envergonhado por vir ensombrar o Verão que estava na hora de partir. É sempre assim todos os anos, mantém-se hesitante pelo menos até aos festejos de São Martinho. Depois desse tempo “de ir à adega e provar o vinho”, isso sim, começa afoitamente a preparar o caminho e, especialmente, o sentir das gentes para os tempos de invernia.

O Outono é do agrado dos amantes, pela suavidade que consigo traz, o convite ao recolhimento às carícias aos afagos. São tempos de maturação, depois de terminadas as colheitas. É tempo do mosto fervilhar e das grandes transformações, feitas com a tranquilidade do saber.

As avezitas voam mais baixo, sentem a força e atracção telúrica. Mas são voos de desassossego, de azáfama na procura de espaço de protecção e de abrigo. Outras tomam rumos do longe seguindo registos do seu código genético que as leva ao encontro de condições climatéricas adequadas à sua condição.

Daqui a pouco, as vozes alegres e expansivas que vibraram nos tempos de estio vão dar lugar aos murmúrios à volta da lareira, no recolhimento dos sentimentos, na preparação para o Inverno com os receios que desde eras imemoriais foram passando de geração em geração. As noites longas e escuras como breu sonham mundos fantásticos que o madrugar virá desvanecer nas mentes das pessoas.

Outono dos “amarelos e castanhos e dos vermelhões” como uma querida amiga tão bem o coloriu é tempo de afectos...

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domingo, outubro 14, 2007

barco a arribar

chegada da faina das artes
três, quatro, cinco lances
e quanto peixe? uma mão cheia de nada


Embarcação Nautilus, praça da Fonte da Telha, Praia da Fonte da Telha, Almada - Portugal

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de muito amar e querer

espaço de poetar
Não sou poeta inspirado nem sequer sei construir rimas de espantar. Juntando algumas palavras , dando-lhe sentido e afecto, procuro nelas o encantamento.



Naquele final de dia, que não de vida
Quando o mar beija docemente a areia
Ele, gentil homem sua bela amada enleia
Angelical doçura, olhos de mel, querida

O sol do ocaso sobre os amantes ateia
Desejos profundos de paixão sentida
Faz neles fluir tamanha energia vertida
Do pote mágico eleva-se suave melopeia

Quando o sol se põe é o futuro que começa
Merecida felicidade de muito amar e querer
Percorrendo o caminho que a vida atravessa

No rumo do esplendor do humano ser
A melodia ecoa no espaço qual promessa
E assim será porque assim tinha que ser.

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sábado, outubro 13, 2007

espera...

hora de arribarem os barcos
vindos das artes do lance
espera pelo repasto prometido


Gaivotas no Grande Areal, Praia da Fonte da Telha, Almada - Portugal

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bernardes-silva poeta

Realizou-se hoje, na Sala Pablo Neruda, do Fórum Romeu Correia, em Almada, a apresentação do livro do poeta de Almada Bernardes-Silva, com o título Poesia Sonetada, à qual acorreram várias dezenas de amantes da poesia e interessados na cultura almadense.

O autor e o livro foram apresentados por Joaquim Sarmento, também ele homem de cultura, que conjuntamente com Ermelinda Toscano, Filomena Silva, Helena Fraga e José Carlos Vinagre constituíram o chamado “grupo de missão” para a edição do livro.




Como homenagem ao autor escrevemos um singelo soneto que foi tornado público na referida sessão através da voz do excelente dizedor António Boieiro.



Bernardes-Silva Poeta

Bernardes-Silva poeta, poeta de corpo inteiro
Soneta amores sofridos e também irreverentes
Rima sentires e quereres com arte dos exigentes
E em requebros teatrais partilha seu cancioneiro.

Semeia amores no percurso de mulheres indiferentes
Em passadas longas, firmes de afectos, caminheiro
Colhe mil desamores destino de nómada e romeiro
Que na utopia no sonho reconstrói mundos pungentes.

Rima o sentido da vida com uma leveza divertida
Na nostalgia da ausência encontra forças e ânimo
Para combater a saudade daquela há muito fugida.

É forte no seu bem querer, de todos o magnânimo
Ele próprio desassossego evoca uma falsa partida
Para ter junto de si a cura para o seu desânimo.

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sexta-feira, outubro 12, 2007

luz e formas

na modernidade decorativa
o jogo de luz e formas
espelho do universo


ExpoLar, Feira Internacional de Lisboa, Lisboa - Portugal

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quinta da aveleda

Um vinho que honra a Natureza

Da vinha para o copo





Fruto da harmonia perfeita entre tecnologia e tradição, o vinho Quinta da Aveleda é a imagem fiel do lugar que lhe dá o nome. A designação de Quinta permite uma associação directa à Quinta da Aveleda e confere-lhe um carácter de grande seriedade, história e autenticidade.
A sua apresentação, sofisticada e contemporânea, transmite a imagem de um vinho leve, fresco e visualmente apelativo.
O aroma intenso da casta Loureiro e a elegância e suavidade da casta Trajadoura, combinados com a persistência aromática do Alvarinho, estão na origem do Quinta da Aveleda, um vinho fresco, frutado e delicado com um final de boca longo e persistente.

[in desdobrável AVELEDA]


Degustámos este vinho acompanhado de um queijo curado Quinta da Aveleda. Uma delícia!


[Projecto idealizado na Oficina das Ideias]

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quinta-feira, outubro 11, 2007

mar tão nosso

...e o mar eterno amante
afastou-se formando luminoso caminho
para receber a ninfa de duas margens

Mar do Grande Areal, Praia do Sol, Almada - Portugal

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tal como em 2003...

Já em 2003 a Oficina das Ideias escrevia assim... mantém-se a actualidade do escrito:


A “coisa” passou-se de forma tão sub-reptícia que nem eu próprio me apercebi do acontecido na altura. Os órgãos da comunicação social sempre tão atentos a movimentos suspeitos de gente suspeita nada registaram. Mas não há qualquer dúvida de que um funesto acontecimento tivera lugar.

Um número ainda hoje por determinar de perigosos ladrões evadiu-se de um estabelecimento prisional de alta segurança sem deixar rasto. Na calada da noite ou em plena luz do Sol, quem sabe?, puseram-se a monte acoitados por protecção do exterior.

Transformaram o seu visual e modificaram a forma de falar, que de gutural e bruta passou a ser suave e melodiosa. Ganharam maneiras e passaram a ser citados nas revistas cor-de-rosa. Aprenderam a linguagem do Povo e com este se misturaram nas praças e nos mercados.

Ganharam a confiança do Povo português e ganharam muito mais coisas. Mantiveram-se tranquilamente nos postos e posições onde foram sendo colocados e onde, eles próprios, se colocaram. Chamaram muitos amigos a ocuparem posições importantes e o tempo foi passando.

Um dia o Povo, absorto em tantos acontecimentos estranhos que se desenrolavam à sua volta, privatizações, desemprego, falências, pedofilia, apercebeu-se que haviam desaparecido dois ou três euros que tinha no fundo do bolso. Havia sido roubado.

Daí para a frente os euros do Povo desapareciam mal ele se distraía. Os ladrões andavam à solta de novo, bem vestidos e bem falantes, mas ladrões. Roubaram o emprego ao Povo. Roubaram a saúde ao Povo. Roubaram a escola ao Povo. Segurança quanto menos melhor para que os ladrões actuassem sem entraves. É fartar a vilanagem...

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quarta-feira, outubro 10, 2007

sorriso de flor

esta bela flor de jardim
abriu um amplo sorriso quando sentiu a amizade
e inspirou o "fotógrafo"


Flor de um jardim do Calhariz de Benfica, Lisboa - Portugal

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mares da comunicação

Desde os tempos em que o registo da memória me permite saber que tenho navegado nos mares da comunicação, comunicação bidireccional ou comunicação multidireccional, aquela que proporciona maios interactividade, aquela que não destingue o emissor de receptor.

Os mares por onde tenho andado, umas vezes azul outras não tanto, mais para o acinzentado, têm sido fundamentais para o meu crescimento como ser humano, pois tenho encontrado nessas águas ricas o local ideal para a partilha do saber.

Percorri as rádiocomunicações, populares e livres, que quebraram fronteiras na Europa muito antes da existência da União Europeia, aliás derrubando fronteiras no Mundo inteiro, independentemente da religião, da política, do estatuto social das gentes que comunicavam entre si.

Percorri os caminhos da aprendizagem mais do que do ensino, aprendizagem, quantas vezes feita à distância, com o recurso às tecnologias da informação emergentes, percorrendo as auto-estradas do saber partilhado.

Rejeito ou utilizo com cautela a comunicação em que me “obrigam” a funcionar exclusivamente como receptor, especialmente quando detecto intenções de intoxicação, o que acontece amiúde nos debates televisivos, nos discursos dos políticos, nas conferências de imprensa.

Não quero com isto dizer que numa comunicação dialogante não aprenda mais com o que oiço do que com o que digo, mas não invalida que não aceite ser forçado a ouvir quem nada tem para partilhar, antes pretende impor a sua “verdade” como dogma, logo, sem discussão.

Como há dias dizia um popular entrevistado por uma cadeia de televisão “eles falam muito mas nós não percebemos nada”. E quando o Povo não entende não sou eu suficientemente iluminado para aceitar ouvir.

Revejo na blogoesfera esse mundo maravilhosa da verdadeira comunicação, da partilha do saber, da permuta de afectos, da interactividade enriquecedora do ser humano. Também ela muito azul, muito luminosa em que o cinzento surge como em tudo na vida, mas logo é afastado pela força do muito querer.

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terça-feira, outubro 09, 2007

desgarrada

cantigas ao desafio
ao som tradicional da concertina
à boa moda de Ponte de Lima


Desgarrada com concertina, Festival Internacional de Concertinas, Barrenta, Porto de Mós - Portugal

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viva che!

Che Guevara morreu a 9 de Outubro de 1967, faz hoje 40 anos. Foi fria e barbaramente assassinado por um esbirro a mando da CIA, quando se encontrava prisioneiro na aldeia boliviana de La Higuera. Transcrevo as últimas linhas do seu diário, referentes ao dia 7 de Outubro de 1967, véspera do dia em que foi feito prisioneiro e o manuscrito do Diário lhe foi confiscado:

”Cumpriram-se os 11 meses da nossa inauguração guerrilheira sem complicações, bucólica; até às 12:30 horas em que uma anciã pastoreando as suas ovelhas entrou no vale em que havíamos acampado e houve que capturá-la. A mulher não deu nenhuma notícia fidedigna sobre os soldados, respondendo a tudo que não sabe, que há muito tempo que não vai por ali. Só deu informações sobre os caminhos; do resultado das informações da anciã, se depreende que estamos aproximadamente a uma légua de Higueras e outra de Jaguey e umas duas de Pucará. Às 17:30, Inti, Aniceto e Pablito foram a casa da anciã que tem uma filha prostrada e outra meio anã; deram-lhe 50 pesos com o encargo de que não dissesse nem uma só palavra, mas com poucas esperanças de que cumpra apesar das suas promessas.
Saímos os 17 com um fraco luar e a marcha foi muito fatigante e deixando muito rasto pelo vale onde estávamos, que não tem casas próximo, mas sim semeadores de batatas regadas por canais, do mesmo arroio. Às 2 paramos a descansar, pois já era inútil seguir avançando.
O Chino converte-se numa verdadeira carga quando há que caminhar de noite.
O exército deu uma estranha informação sobre a presença de 250 homens em Serrano para impedir a passagem dos cercados em número de 37 dando a zona do nosso refúgio entre o rio Acero e o Oro.
A notícia parece diversionista. H – 2.000 ms”


in Diário de Che na Bolívia, 7 de Outubro de 1967


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segunda-feira, outubro 08, 2007

voltados para o céu

proas e popas apontadas para o céu
quais meias-luas em alerta de marinheiro
que está em pé quando a lua está deitada


Barcos tradicionais de pesca na Ria de Aveiro, Praia da Torreira - Portugal

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o triângulo

espaço de poetar
Não sou poeta inspirado nem sequer sei construir rimas de espantar. Juntando algumas palavras , dando-lhe sentido e afecto, procuro nelas o encantamento




Triângulo perfeito que povoa meu sonho de voar
Equilátero, equiângulo, claro escuro, equilíbrio
No vértice oscila pêndulo de música de encantar
Na base um poema feito mulher, vela de navio.

A bissectriz é linha imaginária e do sentir
Teu corpo dividido em dois para mais querer
Será unido por um beijo longo em tempo de devir
Pois na base do triângulo está o centro do prazer.

Prazer... lento saborear de caminhos percorridos
No ondular do corpo como o mar suave, fagueiro
Que exacerba desejos, que embala os sentidos
Pelo muito que me queres me chamaste marinheiro.

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domingo, outubro 07, 2007

janelas de azul

as janelas em azul
das casas das aldeias de xisto
reflectem tonalidades do céu


Aldeia de Cerdeira, Serra da Lousã - Portugal

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a garrafa trazida pelo mar

sentires da praia do sol
Nas caminhadas ou na simples contemplação na Praia do Sol extravasamos todos os nossos sentires no azul do mar, no doirado das areias, nos odores da maresia




No final da tarde, tarde cálida de Outono, já o Sol se começava a deixar cair na linha do horizonte para mais uma noite de descanso nas profundezas do mar, o velho homem do bar sentou-se na areia em plácida contemplação deste momento único.

A maré-cheia havia depositado na orla prateada do rebentar das ondas milhares de conchas de bivalves mas, igualmente enormes “cachos” de mexilhões ainda vivos recém arrancados a algum rochedo das profundezas,

À sétima onda, aquela que mais forte tem a rebentação, o mar depositou sobre um suave banco de areia, logo ali a vinte metros de distância, um objecto, uma garrafa, uma garrafa com uma mensagem dentro.

Era uma linda tarde de Outono, o mar chão, temperatura amena, cheirinho a maresia. Ao longe bem na linha do horizonte, vislumbrei um vulto que caminhava na minha direcção, com passada larga, rapidamente nos aproximámos...parecia alguém conhecido, apercebi-me que carregava algo, ao aproximar-me verifiquei que o vulto vinha curvado pelo peso de um grande sacão...não tive dúvidas era um "ancião de cabelos brancos " meu conhecido há uns tempos, não me reconheceu preocupado que estava no transporte de tão volumoso saco...preocupada parei e então apercebi-me do que ele transportava...ninfas de várias tonalidades amontoadas no sacão transparente tentavam soltar-se...curiosamente todas elas tinham os pés de fora!!! seguiu o seu caminhar e eu pensei...

O velho “lobo do mar” sentiu correr duas lágrimas nos sulcos do rosto tisnado pelo sol e pelo sal. Sentiu, contudo, que outras oportunidades haveriam de surgir...

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sábado, outubro 06, 2007

aldeia serrana


situada a meia-encosta da serra
local de meditação inspirada
pela lonjura que a vista alcança


Aldeia de Cerdeira, Serra da Lousã - Portugal

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51 meses na blogoesfera

Passada a barreira do “meio século” de presença e intervenção da Oficina das Ideias na blogoesfera, cá continuamos a caminhada de encontros e cumplicidades por vezes ensombrada com o abandono de um companheiro destas andanças desde os tempos da grande explosão bloguista dos anos 4 do presente século. Tão pouco tempo passado e tantos os acontecimentos que foram moldando as gentes as enormes avanços da tecnologia emergente.

O tempo que passa devora muitas memórias e recordações pelo que é sempre excelente relembrar colaborações e parcerias que tanto enriqueceram a nossa modesta e singela presença nos amplos caminhos do conhecimento e do saber.

Continuamos a fazer questão em cumprir o estatuto editorial da primeira hora “textos e imagens próprios e originais, a temática da cultura de um Povo e da defesa da região da Praia do Sol e desenvolvimento dos afectos e do muito querer”.

Alguns novos desafios vão surgindo nesta caminhada ao lado de quem nos lê, de quem gosta de apreciar a “arte” fotográfica do nosso amigo Olho de Lince. A seu tempo terão aqui divulgação e partilha. Os “Contos do Mar e da Mata”, as vivências, amores e desamores de “um velho homem do mar” continuam a povoar o nosso imaginário.

No último mês, o número de comentários foi de 77, a partir de 25 comentadores, valores continuam a dar-nos bastante satisfação. É de grande importância para o enriquecimento da Oficina das Ideias esta contribuição dos dedicados e amigos leitores.

Quanto a visitas atingimos a cifra de 240.980, a uma média de 319/dia, com origem em 142 países diferentes, valores facultados pelo SiteMeter e pelo NeoWORX. Do Brasil 128.827 visitas e de Portugal 116.261 encontram-se no topo dos visitantes.

Total de postagens – 3.150, onde cerca de metade são fotografias da autoria do nosso amigo Olho de Lince.

Um agradecimento especial a Blogger.com e a Blogspot.com onde editamos e alojamos a Oficina das Ideias desde a primeira hora.


Quadro de Honra

Gasolina, do Flor da Palavra (Portugal)
Gwendolyn, do A Cantora (Brasil)
Claudia P, do Cor de Dentro (Brasil)
Ivone, do Um Silêncio de Paixão (Portugal)
Repórter, do Pó de Ser (Portugal)
Mary Lamb, do Íntimas Suculências (Portugal)
Menina do Rio, do Momentos de Vida (Brasil)
Eduardo P. L., do Varal das Ideias (Brasil)
Gonçalo Marques, do http://gomanosiva.blogspot.com/ (Portugal)
Ovelha Negra, do Ovelha Negra Ovelha Branca (Portugal) [*]
Lígia (Brasil)
Rui Manhente, do Viandante (Portugal)
Rouxinol de Bernardim, do Rouxinol de Bernardim (Portugal) [*]
Barão, do Barão van Blogh (Portugal) [*]
James Stuart, do Szerinting (Hungria)
Luísa Margarida, do Cantábile (Brasil)
Lila (Portugal)
Poeta da Vida, do Café Alexandrino (Brasil)
Sandra Queiroz (Brasil)
Eduardo W, do Tertulias Cotidianas (Chile)
Alguém de Lisboa (Portugal)
Lenore, do Verdades Cruéis (Portugal)
Maçã, do Maçã de Junho (Portugal)
Vieira Calado, do O Cão Merdok (Portugal)
Blueshell, do Blue Shell (Portugal)


A TODOS o nosso MUITO OBRIGADO!




[*] muito em breve nos nossos indicadores de leitura

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sexta-feira, outubro 05, 2007

descanso do guerreiro

"guerreiro" no dia-a-dia da Ria
luta pelo pescado que é sobrevivência
de toda uma família


Barco tradicional num mochão, Ria de Aveiro - Portugal

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o narciso da praia

O narciso da praia, a que também já ouvi chamar “narciso da areia” ou “lírio da areia” tem uma flor de alvura ímpar, tão sensível e delicada que me caiem lágrimas pelo seu tão curto ciclo de vida à beira-mar.



Suas flores são de brancura imaculada que mais faz lembrar as nossas avós e bisavós de tez muito branca pois viviam fechadas em casa e não punham um pé na rua. Não a minha, trabalhadora do campo, de sol a sol, e como tal de pele bem tisnada pelos raios solares.

A flor do narciso da praia murcha, tombam-lhes as frágeis hastes mas nunca perde a alvura sem mácula para dar lugar aos tons de bronze como acontece com outras flores. Os estames destacam-se em amarelo de pólen desejado que mais realçam a brancura das flores.


É doce morrer no mar,
Nas ondas verdes do mar. [Dorival Caymmi]

Deixo-me levar no sonho que esta bela flor me conduz a sentimentos tão profundos como somente se sentem com um beijo à beira-mar.


Aqui na orla da praia, mudo e contente do mar,
Sem nada já que me atraia, nem nada que desejar,
Farei um sonho, terei meu dia, fecharei a vida,
E nunca terei agonia, pois dormirei de seguida. [Fernando Pessoa]

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quinta-feira, outubro 04, 2007

janela com âncoras


janela de casa de homem do mar
âncoras que significam amarração
de mareante à terra natal


Janela de uma casa na Praia da Torreira - Portugal

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chuvas e inundações

a minha opinião
O pessoal da Oficina das Ideias está atento à actualidade política e social de Portugal e do Mundo. Aqui partilhamos o nosso pensar através da análise exclusiva para este espaço.


Das chuvas de Inverno, das inundações, cuida-se no Verão


Desde há muito que defendemos que a protecção e a prevenção contra os fogos florestais, que uma deriva governamental usou durante algum tempo designar por “ignição”, se realizam no Inverno.

De igual forma, é em época de estio que se cuida de proteger pessoas e bens contra as ameaças das inundações que a invernia sempre nos traz.

Além de um urbanismo inqualificável, chegando-se ao extremo de se permitir a construção de edifícios em corte com as linhas de água, é a falta de limpeza das valas de escoamento e do desentupimento das sarjetas e dos sumidouros, que muitas vezes só são feitos perante as críticas acções verificadas.

Ainda recentemente, um só dia de chuva intensa bastou para que voltassem as inundações em algumas zonas da Grande Lisboa com elevados prejuízos materiais e com o risco, inclusive, da perda de vidas humanas.

Não são os grandes aparatos mediáticos para apresentação da disponibilidade da protecção civil, os discursos de auto-elogio, plenos de triunfalismo da propaganda governamental que resolvem este melindroso problema.

É a actuação permanente e cuidada, é a criação de condições de protecção real das populações, é o cumprimento estrito da legislação de cariz ecológico e urbanista, que poderão evitar males provocados pela Natureza revoltada contra os crimes ecológicos hediondos que o ser humano continua a praticar.

Mas atenção! É agora no Inverno o tempo de cuidar dos fogos florestais do próximo Verão.

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quarta-feira, outubro 03, 2007

concertina em miniatura


pequenas, grandes, de formatos diversos
discretas ou de cores fulgorantes
as concertinas têm maravilhoso som


6º Festival de Concertinas de Barrenta, Porto de Mós - Portugal

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inspiração de fotógrafo

Mais de uma dezena de pranchas de cartão prensado de dimensões significativas, estão arrumadas à parede lateral do apoio de praia e em algumas das quais já foram coladas ampliações de fotografias.

Tem sido uma manhã exaustiva para o Fotógrafo que sozinho lançou mão a este desafio de criar uma instalação ao ar livre com imagens que foi recolhendo no decorrer dos anos. Escolheu esta parede do apoio de praia para se proteger na sombra que ela cria, mas o calor deste dia de Verão torna-se insuportável.

O Fotógrafo parou um pouco para descansar. Está exausto. Não resiste ao apelo do mar ali tão perto para dar um refrescante mergulho. Dirige-se à beira-mar, onde o mar se espraia docemente na areia. Para os lados do Cabo Espichel levanta-se uma ténue neblina, bem própria destes dias muitos quentes.

Quando regressa ao apoio de praia vislumbra para Sul, no meio da multidão de banhistas que procuram a frescura do mar, uma silhueta que lhe é familiar, ou terá sido em sonhos criada ?, uma bela mulher a quem, contudo, não consegue distinguir o rosto.

Segue no seu encalço tentando recuperar a distância que os separa mas tem dificuldade em passar por entre a multidão que nesse dia de estio se dirigiu até à beira-mar. Faz mais um esforço mas parece não conseguir sair do ponto em que se encontra.

Chama-a, mas o som que emite parece morrer da garganta quando conclui que não sabe por que nome deve gritar. Luta contra a falta de oxigénio que o cansaço provoca e avança. A bela mulher reduz a passada, pára mesmo por instantes, tempo suficiente para que o Fotógrafo se aproxime.

Toca-lhe no ombro. Quando a mulher se vira seus olhos abem-se de espanto pelo inesperado da situação. A bela mulher, rosto expressivo e belo, não era outra senão aquela que em sonhos lhe aparecera e que o ajudara a escolher as fotografias que viriam a constituir a instalação que há pouco estava a preparar no apoio de praia.

Sorriram e abraçaram-se afectuosamente.

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terça-feira, outubro 02, 2007

chaminé de fumeiro


num bairro para os trabalhadores da fábrica
uma chaminé de fumeiro, talvez comunitária
para a preparação dos enchidos


Chaminé de fumeiro na zona habitacional da Fábrica da Vista Alegre - Portugal

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concertinas em barrenta

tradição e cultura popular
A tradição resulta da memória colectiva de um Povo, autêntico património invisível que se transmite entre gerações e representa o mais elevado expoente da cultura popular. Aqui se deseja dar conta desse repositório



Não era longa a viagem que nos propúnhamos fazer, pouco mais de uma centena de quilómetros, mas sabíamos que nesta breve transição iríamos deixar a agitação da grande cidade e seus arredores para sermos absorvidos pela magia dos grandes espaços naturais.

E como as boas companhias fazem as boas viagens lá seguimos rumo às terras da Serra d’Aire, mais concretamente à aldeia de Barrenta-Alvados, concelho de Porto de Mós, onde se iria realizar o 6ª Festival Nacional, o 2º Festival Internacional, de Tocadores de Concertina.


A organização desta iniciativa está a cargo do Centro Cultural da Barrenta, que pela mão do seu dinamizador Hermano Carreira, traz até esta aldeia nas faldas da Serra d’Aire mais de uma centena de executantes de concertina, instrumento musical de grande tradição em Portugal, especialmente na região do Minho.

Embora o tempo ameaçasse chuva desde manhã bem cedo muitas centenas de pessoas amantes do som das concertinas dirigiram-se à aldeia de Barrenta, cuja população fixa não chega a meia centena, para terem oportunidade de assistir a uma manifestação de cultura popular única.

Com o estômago aconchegado com uma saborosa sopa de pedra e uma bifana bem temperada lá fomos vendo e ouvindo, por aqui e por ali, ao virar de cada esquina, na protecção duma nogueira ou num recanto do largo da aldeia música “concertinada” de diversas regiões do País e mesmo de além-fronteiras.

As desgarradas minhotas, o “funáná” de Cabo Verde ou um fandango ribatejano são atracções para grupos de populares que se juntam à volta vibrando com a musicalidade das concertinas.

Saímos de Barrenta satisfeitos por termos podido participar neste acontecimento ímpar em que ficou bem patente o sentir de um património imaterial que se mantém e renova.

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segunda-feira, outubro 01, 2007

barcos da tradição


barcos tradicionais da Ria
alinham-se prontos para a faina
noite dentro em pescaria


Barcos tradicionais da Ria de Aveiro, Torreira - Portugal

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em setembro de 2007 a oficina publicou:

Textos
Dia 1 – Em Agosto a Oficina das Ideias publicou
Dia 2 – Jantar no Pombeiro [sentados à mesa... gostámos]
Dia 3 – Cartilha Maternal [ler, escrever e contar]
Dia 4 – Rebuçados da Régua [doces pensamento]
Dia 5 – 50 meses na blogoesfera [oficina]
Dia 6 – Doçura no Beijar [quadras soltas]
Dia 7 – Grito do Ipiranga
Dia 8 – Degustar na Quinta [viagens vínicas]
Dia 9 – Flores da Quinta [vídeo clipe]
Dia 10 – Novos Indicadores de Leitura
Dia 11 – A Morte da Magia [espaço de poetar]
Dia 12 – A Casa dos Amuos [tradição]
Dia 13 – Um Instante [versos soltos]
Dia 14 – Navegar no Douro Vinhateiro [vídeo clipe]
Dia 15 – Pétalas do Desejo [quadras soltas]
Dia 16 – Serra acima até Talasnal [caderno de viagens]
Dia 17 – Restaurante Ti Lena [sentados à mesa... gostámos]
Dia 18 – Talasnico [doces pensamento]
Dia 19 – 100 Anos da Dona Armandina
Dia 20 – Sentir Gentes Serranas [vídeo clipe]
Dia 21 – Clarividência [quadras soltas]
Dia 22 – Com Kerstin na Aldeia de Cerdeira [caderno de viagens]
Dia 23 – Tempos de mudança e de progresso
Dia 24 – Na Ria de Aveiro [caderno de viagens]
Dia 25 – Na Ribalta da Oficina
Dia 26 – Banhas Teu Corpo [espaço de poetar]
Dia 27 - Moliceiros Atrevidos [vídeo clipe]
Dia 28 – Olhares Perdidos
Dia 29 – Sonhada Menina [versos soltos]
Dia 30 – Festejar os Círios

Imagens
Dia 1 – Aqui se inicia...
Dia 2 – Um Porto de Festa
Dia 3 – Toca o Sino...
Dia 4 – Que Flor tão Bela
Dia 5 – Casa de Beira-Ria
Dia 6 – Socalcos até ao Céu
Dia 7 – Serpentear do Douro
Dia 8 – Fumega Tua Arriba
Dia 9 – Uma Janela para a Vinha
Dia 10 – Aqui se aclamou o Rei
Dia 11 – Elegância Senhoril
Dia 12 – Mesa Real
Dia 13 - Flor e Romantismo
Dia 14 – Cristalina Água
Dia 15 – Vila da Lousã vista da Serra
Dia 16 – Pinhas da Serra
Dia 17 – Bonita Flor da Mata
Dia 18 – Flor em Xisto
Dia 19 – Cantinho dos Licores
Dia 20 – Cerdeira = Cereja Brava
Dia 21 – Asas ao Vento
Dia 22 – Friso Cor de Rosa
Dia 23 – Pateira Real
Dia 24 – “Ciganos” da Ria
Dia 25 – Florzinha Lilás
Dia 26 – Lua Setembrina
Dia 27 – Uma Janela para a Serra
Dia 28 – Posto de Observação
Dia 29 – Casa da Torreira
Dia 30 – Flor vestida de Branco

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