sábado, fevereiro 28, 2009
simbolismo do templo e do tempo

saúda quem entra no templo pelo portal principal
todo o simbolismo do tempo
Etiquetas: símbolos, templários
na senda do "tempo de pedra" 16
na Igreja de Nossa Senhora de Rocamador, Cheleiros - Mafra
Igreja de traça arquitectónica simples, tem uma torre sineira seiscentista e na fachada principal um pequeno e robusto portal gótico do século XIV em cantaria da região. Do lado direito desta porta foi incrustada uma trabalhada e original pia de água benta.



As Sombras do Tempo
Wikipédia
Observatório dos Relógios Históricos de Lisboa
Relógios de Sol, de Nuno Crato, Suzana Metello de Nápoles e Fernando Correia de Oliveira – edição CTTCorreios
“Tempo de Pedra” anteriores:
na Igreja de S. João Degolado, Terrugem, Sintra
na Igreja de S. João Baptista, S. João das Lampas, Sintra
na Capela de Santo António, Carvoeira, Mafra
na Ermida de Nª Sª do Ó, Carvoeira, Mafra
na Igreja de Santo Isidoro, Santo Isidoro, Mafra
na Casa de Sanzim, Sto. Amaro, Guimarães
no Posto de Turismo, Tomar
na Igreja de S. João Baptista, Tomar
na Igreja de Nª Sª do Bom Sucesso, Cacilhas, Almada
na antiga Casa de José Dias, Olho Marinho, Óbidos
na Quinta das Torres, Vila Nogueira de Azeitão, Setúbal
na Igreja de Nª Sª da Conceição (antiga Ermida de S. Sebastião das Areias), Conceição, Peniche
na Igreja Paroquial de São Sebastião, Serra d'El Rei, Óbidos
no Jardim Doutor Santiago, Moura
na Igreja de Nossa Senhora da Purificação, Montelavar, Sintra
Etiquetas: relógio de sol
sexta-feira, fevereiro 27, 2009
neblina no monte da lua

a silhueta do monte da lua
centro mágico do universo
Etiquetas: mar, monte da lua
navego
Mares sem fim
Em frágil embarcação
Do sonho tem a leveza
Resistente
Como a vida
É casa
Amante
Querer
Venço tormentos
Escolhos
Monstros marinhos
E sonhos
Mil vezes derrubado
Outras tantas
Me levanto
Sentimento
Sigo o rumo do vento
A força do pensamento
Procuro imagem
Amada
Jasmim
Fruto de Verão
Maresia
Argêntea espuma
TU
Mulher desejada!
Etiquetas: poesia
quinta-feira, fevereiro 26, 2009
gente do mar

mora gente que trabalha arduamente
na dura faina da pesca
Etiquetas: azulejos
o marinheiro e a andorinha
O fim-de-tarde estava cálido, tranquilo... Uma andorinha de bico vermelho vinda das terras do muito longe poisara no mastro da embarcação, repouso breve para retemperar forças que a levariam ao ninho que deixara tempos atrás na procura sazonal de maior bem-estar, na realidade, da sua sobrevivência.
O casco da embarcação na fragilidade que o amplo mar lhe parecia atribuir, balançava docemente ao ritmo da ondulação que partilhava a tranquilidade do fim-de-tarde, quase de sol poente, quando os “caranguejos começam a puxar o Astro-Rei para dentro do mar azul”, como é dizer dos anciões da borda-d’água.
Quantas vezes sentiu o marinheiro de que após o pôr-do-sol vinha a alvorada, que depois do rude Inverno vinha a doce Primavera... de que a morte é perca que significa renovar...
De súbito, um piar forte da andorinha, um sinal de que a partida estava eminente, uma despedida. Silenciosamente o velho marinheiro desejou-lhe leveza no regresso a terra firme. Sabia que tempo passado ela estaria junto da sua Ninfa do Tejo. A saudade seguiu numa pérola de sal.
Etiquetas: contos da praia
quarta-feira, fevereiro 25, 2009
passos perdidos

contudo tão importantes
"por aqui passou gente"
Etiquetas: grande areal, mar
as andorinhas de valle do rosal
O azul do céu foi cortado por um voo diferente dos habituais nesta altura do ano. Uma andorinha executava um voo rectilíneo, voo de chegada pois os voos de estada são circulares e planando nas isobáricas.
Ainda estão longe os odores das rosas e dos jasmineiros, as primeiras já mostram pequenos botões mas os jasmineiros ainda são um fundo verde de folhas, com uma ou outra florinha branca a despontar, que normalmente festejam a chegada das primeiras andorinhas a Valle do Rosal.
Esta primeira andorinha a chegar, sem dúvida uma atleta de fundo, é a indicação que as suas companheiras de viagem não tardarão. Daqui a pouco regressarão todas as que já cá estiveram e que resistiram à longa caminhada. Algumas terão perecido perante os escolhos de uma longa viagem, as intempéries, os predadores, a malvadez do ser humano. Contudo, a maioria regressará ao seu local de nascimento ou aos ninhos em que foram progenitores no ano anterior.
É temporã esta chegada, resultado sem dúvida do sol que tardou em chegar mas que já brilha nestas terras de camponeses e pescadores, mas são assim desígnios da mãe Natureza que hoje me deu esta imensa alegria. A partir de agora será a animação dos seus voos e a musicalidade dos seus piares, a labuta para a recuperação dos ninhos e para a construção de novos que irão albergar a família aumentada.
Recordamos aqui o registo da Oficina das Ideias no que se refere à chegada da primeira andorinha do ano a terras de Valle do Rosal:
Em 2004, a 16 de Fevereiro
Em 2005, a 10 de Março
Em 2006, a 12 de Fevereiro
Em 2007, a 13 de Fevereiro
Em 2008, a 13 de Janeiro
Salvo o ano de 2005 em que a sua chegada tardia muitas preocupações trouxe às pessoas que tanto gostam de apreciar a beleza dos seus voos e o empenho do seu labor na reconstrução dos ninhos, e em 2007 que foi temporã essa chegada, o primeiro avistamento tem tido lugar por volta da segunda semana de Fevereiro.
Bem vindas belas andorinhas a Valle do Rosal!!
Etiquetas: andorinhas, valle rosal
terça-feira, fevereiro 24, 2009
a multiplicação das máscaras

nesta vida que é um entrudo
há que retirar a máscara aos mascarados
memórias carnavalescas
As distâncias mais difíceis de vencer à época faziam com que uma ida ao Corso do Carnaval de Torres Vedras mais parecesse uma aventura de vida. Quilómetros a vencer nas dificuldades do aquecimento do motor da “velhinha” Anglia, um farnel em geral de “arroz de coelho” que se mantinha quente por acção dos jornais com que se envolvia o tacho para garantir a refeição, e lá íamos.
Quando os anos avançaram e as coisas da tradição me começaram a interessa, também o tema Carnaval mereceu as minhas leituras, o meu interesse, a conversa com quem mais do que eu sabia.
Os folguedos de Carnaval muito têm de pagão, aliás como a sua própria génese, mas como acontece em tantas outras situações abraçadas pelo Povo, também o Cristianismo recuperou esta tradição para o calendário religioso.
Muitos autores encontram a origem do Carnaval em festividades da Roma Antiga (Saturnália?), enquanto outros vão mais além afirmando que já se festejava em homenagem à deusa Ísis ou ao deus Osíris no Antigo Egipto. O que não há dúvida é que ainda está ligado à exuberância do Povo quando se avizinhavam tempos de recolhimento devido às intempéries.
O Cristianismo quis dar-lhe um cunho religioso, tendo muita dificuldade em vergar a vontade do Povo de que se tratava de época de folguedos, de comezainas, até de uma certa libertinagem. Mesmo assim, na reformulação do calendário cristão no ano de 1091, lá encontraram forma de o colocar entre o Dia de Reis (Epifania) e a Quarta-feira de Cinzas (vésperas da Quaresma), uma espécie de último momento de alegria e festejos profanos antes do período de recolhimento da Quaresma.
Os dias eclesiásticos são calculados em função da data da Páscoa, o primeiro domingo que ocorre após a primeira Lua Cheia que se verifica após o dia 21 de Março de cada ano. Assim, o Carnaval ocorre 47 dias antes da Páscoa.
Ainda tenho na minha memórias os “chachas” e as “cegadas” que percorriam as ruas e jardins da Amadora, onde vivi a minha meninice e juventude, e que medo eu tinha dessas funções. Normalmente, os homens e mulheres trocavam os trajares nesses dias e escondiam o seu rosto com caraças, qual delas a mais terrível. Um dia, em defesa da segurança nacional, a Ditadura proibiu o uso de qualquer artefacto que escondesse os rostos e perdeu-se o encanto.
Eram, então, frequentes nessa época de folia os “assaltos”. Um telefonema avisava misericordiosamente a dona da casa que iria haver um assalto. Passado pouco tempo, era a invasão de mascarados. A dona da casa já estava “avisada” e tinha uma reserva de fritos que eram reis nestes acontecimentos: filhós, borrachos e azevias. As bebidas levavam os “assaltantes”.
Etiquetas: cultura popular, entrudo, tradição
segunda-feira, fevereiro 23, 2009
janela de tabuinhas

cria a adequada privacidade
a tradição das nossas janelas
Etiquetas: janelas
almada no topo da europa
Esta iniciativa teve a adesão de várias centenas de cidades europeias que entre os dias 16 e 22 de Setembro de 2008 participaram na iniciativa “Semana Europeia da Mobilidade” das quais 66 se candidataram ao prémio, tendo sido escolhidas numa primeira selecção as 10 consideradas com intervenções mais interessantes.
Numa fase seguinte da apreciação foram nomeadas três cidade finalistas, entre as quais a cidade de Almada, sede do Concelho onde a Oficina das Ideias tem as suas instalações. As outras duas foram Zagreb, capital da Croácia e Budapeste, capital da Hungria, urbe que como muitas vezes aqui temos referidos é a cidade europeia da nossa paixão.
Foi esta última cidade a contemplada com a distinção máxima do “Prémio da Semana Europeia da Mobilidade” com o qual muito nos congratulamos e aqui deixamos uma saudação especial ao nosso amigo James Stuart, residente em Budapeste, e que tem o blogue Szerinting.
Nas palavras do comissário europeu do Ambiente que entregou o prémio ao representante da cidade de Budapeste, esta vitória foi conseguida “contra a concorrência muito forte de Almada e de Zagreb”.
A Oficina das Ideias sente-se orgulhosa pela nomeação obtida pela cidade de Almada, que ficou classificada em segundo lugar, com muita dignidade entre 66 cidades europeias participantes e teve oportunidade quase em cima da hora de felicitar via telefono o vereador da Câmara Municipal de Almada Rui Jorge, amigo de longa data, que se deslocou a Bruxelas para receber a distinção correspondente ao segundo lugar do “Prémio da Semana Europeia da Mobilidade”.
Etiquetas: almada, ambiente, mobilidade
domingo, fevereiro 22, 2009
de prata rendilhada

bordado de prata rendilhada
marca o ritmo do tempo e do sentir
Etiquetas: mar, praia do sol
um cruzeiro especial
Chegados a S. Julião, na Freguesia da Carvoeira, ao sul da Ericeira, essa terra à beira do Atlântico de enorme sentir sebastiânico e onde o Rei Dom Manuel II terá embarcado com destino ao exílio, subimos até à falésia no topo da qual foi construída a Ermida de São Julião, modesta no seu exterior mas riquíssima em azulejaria que no seu interior conta a história do seu santo votivo e de Santa Basilisa.
Nas traseiras da Ermida um magnífico cruzeiro, datado de 1783 (MDCCLXXXIII), embora em estado de enorme degradação, o primeiro do itinerário da “Via Crucem”, no dizer e saber do cabalista Vítor Manuel Adrião, deixa-nos deveras impressionados pelo seu enquadramento paisagístico e pela energia que emana e que a todos nos envolve.
Não quisemos deixar passar em claro este facto e aqui convosco partilharmos.

Sintra, Serra Sagrada – de Vítor Manuel Adrião
Editorial Dinapress, Abril de 2007
Etiquetas: esoterismo, tradição
sábado, fevereiro 21, 2009
relíquias

resistem aos tempos e ao vandalismo
em sua ímpar beleza
Etiquetas: azulejos
na senda do “Tempo de Pedra” 15
na Igreja de Nossa Senhora da Purificação, Montelavar - Sintra
Esta igreja foi originalmente construída nas últimas décadas do século XVI ao estilo da arquitectura rural religiosa de reinado de D. Manuel I. Foi reconstruída no final do século XVII mantendo o aspecto de então. Tem uma torre sineira do lado sul e um alpendre actualmente fechado, com janelas e acesso por porta de verga recta. Aparentemente não foi afectado pelos efeitos do terramoto de 1755.



Para saber mais:
As Sombras do Tempo
Wikipédia
Observatório dos Relógios Históricos de Lisboa
Relógios de Sol, de Nuno Crato, Suzana Metello de Nápoles e Fernando Correia de Oliveira – edição CTTCorreios
“Tempo de Pedra” anteriores:
na Igreja de S. João Degolado, Terrugem, Sintra
na Igreja de S. João Baptista, S. João das Lampas, Sintra
na Capela de Santo António, Carvoeira, Mafra
na Ermida de Nª Sª do Ó, Carvoeira, Mafra
na Igreja de Santo Isidoro, Santo Isidoro, Mafra
na Casa de Sanzim, Sto. Amaro, Guimarães
no Posto de Turismo, Tomar
na Igreja de S. João Baptista, Tomar
na Igreja de Nª Sª do Bom Sucesso, Cacilhas, Almada
na antiga Casa de José Dias, Olho Marinho, Óbidos
na Quinta das Torres, Vila Nogueira de Azeitão, Setúbal
na Igreja de Nª Sª da Conceição (antiga Ermida de S. Sebastião das Areias), Conceição, Peniche
na Igreja Paroquial de São Sebastião, Serra d'El Rei, Óbidos
no Jardim Doutor Santiago, Moura
Etiquetas: relógio de sol
sexta-feira, fevereiro 20, 2009
o mar aqui tão perto

no eterno namoro com a areia
florinhas brancas testemunham esta paixão antiga
na senda do "tempo de pedra"
Etiquetas: relógio de sol
os corvídeos do pinhal
Dois vultos negros contrastam com o azul celeste da aurora, num voo suave ritmado com destino certo. Asas longas bem desenhadas com recortes característicos nas extremidades, contrapõe-se aos corpos esguios elegantes.
Vindos das matas do Pinhal do Rei e da Mata dos Medos, têm como destino uma zona de denso arvoredo, logo ali à beira dos areeiros do Cruzeiro.
Hoje são um par, um casal de família constituída. Amanhã voarão em trio, como acontece as mais das vezes, cujo sentido encontrei numa deliciosa crónica da autoria de Affonso Romano de Sant’Anna, no seu livro A Mulher Madura.
Entre os corvos acontece uma relação triangular, pois quando se verifica a carência de macho, as fêmeas ritualizam entre si o acto do amor, cortejando-se e seduzindo-se mutuamente até que uma das fêmeas passa a exercer o papel masculino. Fruto desse amor a outra fêmea choca os ovos, que por serem estéreis não resultam. Mas o romance não termina aí. Quando surge o macho, mesmo que atrasado, e começa a namorar uma das fêmeas já em estado de acasalamento “homossexual”, não conseguirá desligar as duas amadas. Terá que compor com elas um menage à trois, tendo que cuidar das duas ninhadas.
O macho voou agora até ao ponto mais alto de Valle de Rosal, o telhado de uma casa construída num outeiro. Voo sem hesitação e ao pousar lançou um primeiro som forte, estridente, metálico. Este som, um chamamento matinal, serve para dar indicação à fêmea de onde se encontra. A sua posição sobranceira ao vale garante-lhe uma visão ampla e plena para toda a região.
Lá mais para a Primavera e mesmo em pleno Verão o trio formará a constituição do voo. Não resisto a uma saudação de amizade a estes amigos de longa data. Voltem sempre que adoro observar o vosso voo.
Etiquetas: mata dos medos, pequenas estórias
quinta-feira, fevereiro 19, 2009
voo coordenado

melhor, planam docemente
numa sincronia perfeita, coordenadas
Etiquetas: gaivotas
a menina dos telefones
Aliás, a disponibilização dessa faculdade de dar a conhecer quem connosco pretende contactar é obra dos sistemas digitais, pois com os analógicos tal não era possível. A informação disponibilizada avança no sentido e na proporção inversos ao desenvolvimento do contacto humano que regride a olhos vistos com o tempo que passa.
Veio-lhe à memória os tempos em que de férias numa aldeia do oeste do país, que ao tempo lhe parecia distante e isolada e que hoje está a escassos minutos de uma das amplas vias que cruzam e rasgam o território nacional, o fazer uma chamada telefónica era um verdadeiro ritual.
A magia de ouvir a voz de um ente querido que se encontrava a muitos quilómetros de distância envolvia muito mistério e fantasia e a preocupação enorme de cumprir uma sequência de passos que previamente haviam sido estabelecidos. Não era rara a situação em que ao ouvir-se através desse “misterioso” equipamento, o telefone, uma voz amiga do outro lado da linha uma lágrima furtiva teimasse em rolar pelo rosto.
Quando se pretendia estabelecer um contacto telefónico e após levantar o auscultador e dar voltas insistentes a uma pequena manivela ouvia-se do outro lado uma voz feminina responder: “Troncas…”- Era a menina dos telefones.
Todos na aldeia sabiam o nome da “menina dos telefones” que cumprimentavam em nome próprio ao que ela da mesma forma retribuía. Era então pedido de viva voz o número pretendido, número de poucos dígitos pois os telefones existentes eram poucos, e após algum tempo destinado a colocar cavilhas e fios nos alvéolos correspondentes aos dígitos era estabelecida a comunicação.
De um modo geral os telefonemas eram feitos com hora marcada para permitir que ambos os intervenientes se deslocassem aos locais onde existiam os aparelhos de telefone, pois eram raras as casas particulares, somente os mais abastadas, que os possuíam.
Quando a conversa terminava ainda havia tempo para a despedida da telefonista que muitas vezes quando o tema lhe parecia interessante tinha funcionado como precursora das actuais e tão faladas “escutas telefónicas” para o que se limitava a encostar a cavilha dos seus auscultadores à linha em comunicação.
Etiquetas: pequenas estórias
quarta-feira, fevereiro 18, 2009
memórias de todos os tempos

tem traços de arquitectura da moirama
fusão de culturas e saberes
Etiquetas: ericeira, património religioso
o carro vermelho
O amanhecer, contudo, ofereceu-se ameno e tranquilo nas voltas e reviravoltas que o vento sempre dá e que de um instante para o outro afasta o negrume das nuvens de água carregadas e mostra o azul que é o céu e a luz que é a energia que os corpos esperam ansiosamente para despertarem do torpor da escuridão.
O ocupante do carro vermelho que pareceu ganhar mais fulgor quando a luz do sol o iluminou pareceu, do mesmo modo, despertar de um sono de invernia que vira chegar a hora de partir. Com a mão direita accionou o botão de comando e a capota do carro deslizou suavemente desaparecendo no interior do cofre das bagagens.
Inspirou profundamente duas ou três vezes sentindo o ar húmido com aroma a maresia inundar-lhe os pulmões, percorrer mesmo todo o corpo que sentiu tonificado. Um sorriso aflorou-lhe os lábios quando lhe pareceu vislumbrar muito perto da linha do infinito uma silhueta que lhe era familiar.
Era tempo de partir. A viagem iria ser longa. Mas o regresso seria sempre a horas de ver o doirado pôr-do-sol.
Etiquetas: pequenas estórias
terça-feira, fevereiro 17, 2009
a perder de vista

a perder de vista o oceano
comunhão de sentires à beira-mar
bill gates coleccionador?
À época ainda a IBM estava profundamente envolvida na construção e comercialização do designado “hardware”, tendo anos depois abandonado essa área de negócio para a ICL, a Toshiba, a Compac e tantas outras. No que diz respeito aos sistemas, ao designado “software” já a Microsoft havia encetado a caminhada de êxito que hoje ainda se mantém.
Os utilizadores, esses eram os sofredores pois rapidamente viam os seus investimentos ultrapassados, muitas vezes não conseguindo a respectiva amortização mas com uma necessidade absoluta de “não perder o combóio” na medida em que as tecnologias da informação emergentes representavam já um importante contributo como vantagem de negócio.
A formação era imparável e determinante, as conferências, os congressos, os contactos internacionais multiplicavam-se. Nestas andanças e desandanças tive oportunidade, numa primeira fase de me cruzar, depois de conhecer e um dia de Abril de 1994 ter sentado à minha mesa num jantar que teve lugar no magnífico salão da Câmara Municipal de Viena de Áustria, o “big boss” da Microsoft, Bill Gates.
À conversa, naquela fase de “o que fazes?”, “o que gostas?”, “os passatempos preferido?” referi com o ar de aceitar o habitual tratamento de louco nestas circunstâncias que coleccionava pacotes de açúcar. Curiosamente, penso que as minhas palavras não caíram em saco roto, especialmente em quem tem uma visão rápida das pequenas coisas que podem ser importantes.
Passaram-se alguns meses....
Em Bournmouth, no sul da Inglaterra, realiza-se um importante encontro técnico da Microsoft, o TECH.ED/94 com a presença de novo de Bill Gates onde participei e esta surpresa...

Etiquetas: coleccionismo, pequenas estórias
segunda-feira, fevereiro 16, 2009
ninfa solar

vivências por ti sentidas
energia fonte de amor
um belo cântico de amor
Ao longe, até ao alcance da vista, lugar de mistério e de magia onde o céu azul parece mergulhar nas águas do oceano, começa a levantar no vagar do tempo de ilusão que a distância provoca uma cortina de densa neblina em tons de cinza e de sépia que torna o ambiente ameaçador de tormentos que no mar sempre são mais sentidos.
Ontem ao pôr-do-sol, tempo mítico em que “os caranguejos devoram o disco solar”, no dizer popular dos homens do mar, nada fazia prever na transparência do horizonte avermelhado a prometer bom tempo no dia seguinte que o alvorecer de agora fosse tão soturno, de cinza triste, prenúncio de maus acontecimentos que somente o muito querer dos seres humanos poderá o sentido alterar.
O velho marinheiros de cãs desgrenhadas e rebeldes, lobo do mar e pescador, aventureiro sem porto certo, senhor dos faróis como já lhe chamou quem sentiu algures do tempo que passa a necessidade de utilizar a sua luz para lhe iluminar o trilho da vida, caminhos de amores e de desamores, ficou estático perante a prometida violência dos desígnios da Natureza, não dando sequer conta da frieza que lhe trespassava a roupa e de mansinho lhe penetrava o corpo.
Viu as artes saírem ao mar, loucura pensou para si, e no afastamento da beira-mar fazerem os lanços das redes emalhadas ainda há pouco, com malhas tecidas na expectativa de boa pescaria. Sentiu, então, o agreste caminhar do violento temporal que velocidade ganhava conforme se deslocava para terra. Pensou uma vez mais na ousadia que fora os pescadores fazerem-se ao mar que se mostrava, cada vez mais, agitado e ameaçador.
Seus pensamentos vogaram paragens longínquas na procura da cor que matizasse o cinzento quase breu que o envolvia e sobre si parecia abater-se. Sabia, contudo, que teria a espera como companheira até à sétima onda do mar que enrolava no areal. Com ela viria a bonança o arco-íris o pote de ouro a magia das cores a pesca farta e os seus companheiros das artes. Como em tempos ancestrais eles contariam como uma bela mulher de cânticos doces e olhar atrevido havia surgido do seio das águas e transformado o cinzento em azul magnífico e a tempestade em fartura de peixe prateado.
Contariam aquela estória que ele tão profundamente conhecia.
Etiquetas: contos da praia
domingo, fevereiro 15, 2009
aldraba de capela

batente para chamar "ó da casa"
tranqueta a segurança necessária
Etiquetas: aldrabas e batentes
vício da coleccão
Sempre nos temos norteado por estes princípios, que há muito estabelecemos para nós próprios, no que concerne a coleccionar, procurando nessa actividade encontrar formas de enriquecimento próprio e de terceiros em partilha permanente.
Contrariamos o que muitos psicólogos afirmam em relação ao coleccionismo, pois não pretendemos ter peças de colecção que outros não tenham, antes praticar uma permuta e partilha permanente. Conhecer o valor de tudo e o preço de nada.
A propósito do “Vício da Coleccão” recebemos na Oficina das Ideias uma equipa de reportagem da SIC para darmos a nossa contribuição para o desenvolvimento jornalístico desse tema.
A nossa contribuição modesta pode ser vista na ligação VÍDEO não querendo deixar de salientar o alto profissionalismo e inteligência nas questões apresentadas pela a jornalista Rebeca Venâncio que tem o merecimento total do trabalho apresentado.
Etiquetas: coleccionismo, oficina, televisão
sábado, fevereiro 14, 2009
projecto de tonalidades

a inspiração é dada pela natureza
com sua rica paleta de cores
Etiquetas: folhas
quis
Palavras
Com rima certa,
Tempo e compasso
De música,
Na nota que se liberta.
Quis pintar um quadro,
Tintas,
De cerda pincéis,
No espaço esbocei
Desenho,
No trote de meus corcéis.
Quis compor uma sinfonia,
Pauta
De linhas estreitas,
Clave de Sol,
Solfejo,
Com os sons que me deleitas.
Quis dizer-te o que sinto,
Teu olhar,
Desassossego dá,
Meus lábios sorriram
Flores,
Da cor do jacarandá.
Etiquetas: poesia
sexta-feira, fevereiro 13, 2009
folhas de ouro

as tonalidades de doirado
dão conta da força da natureza
Etiquetas: folhas
sexta-feira 13 a dualidade duma crendice
Para o cristãos, especialmente para os mais supersticiosos, é símbolo de desgraça, já que 13 eram os convivas da última ceia de Cristo, tendo este morrido numa sexta-feira. A crença na má sorte do número 13 parece ter tido, assim, a sua origem na Sagrada Escritura.
Nesta crendice, ou superstição, ou lenda, ou memória popular, como em tantas outras circunstâncias semelhantes, há uma notória apropriação por parte da Igreja dos sentimentos do Povo, de tempos muito anteriores à sua existência.
Uma lenda escandinava diz ter existido uma deusa do amor e da beleza chamada Friga, que deu origem a friadagr, sexta-feira. Quando as tribos nórdicas e alemãs se converteram ao cristianismo, a lenda transformou Friga numa bruxa exilada no alto de uma montanha. Para se vingar, ela passou a reunir-se todas as sextas-feiras com outras onze bruxas e mais o demónio - totalizando treze - para rogar pragas sobre os humanos. Da Escandinava a superstição espalhou-se pela Europa.
Também a mitologia nórdica se refere a este tema. No valha, a morada dos deuses, houve um banquete para o qual foram convidados doze divindades. Loki o espírito do mal e da discórdia, apareceu sem ser chamado e armou uma briga tamanha em que morreu o favorito dos deuses. Daí veio a crendice de que convidar 13 pessoas para um jantar é desgraça pela certa.
Há pessoas que pensam que participar num jantar com 13 pessoas traz má sorte porque uma delas morrerá no período de um ano. A sexta-feira 13 é considerada como um dia de azar, e toma-se muito cuidado quanto às actividades planeadas para este dia. Pessoas mais sensíveis a estas questões evitam viajar nestes dias e recusam utilizar alojamentos ou lugares em teatros e cinemas que tenham o número 13. Aliás, por essa mesma razão, a numeração dos camarotes de teatro omite, por vezes, o 13, em alguns hotéis não há o quarto com esse número que é substituído pelo 12ª e nas provas de automobilismo o 13 é banido.
Estes testemunhos e superstições são tão arbitrários e subjectivos que o mesmo número – 13 – e a mesma coincidência – sexta-feira, 13 - em vastas regiões do planeta - até em países cristãos - são estimados como símbolos de boa sorte.
O argumento dos optimistas tem por base o facto de que o 13 é um número afim ao 4 (1 + 3 = 4), sendo este, símbolo de prosperidade e de sorte.
Na Índia o 13 é um número religioso muito apreciado, de tal forma que os pagodes hindus apresentam normalmente 13 estátuas de Buda. Na China, não raro os dísticos místicos dos templos são encabeçados pelo número 13. Também os mexicanos primitivos consideravam o número 13 como algo santo, adorando por exemplo as 13 cabras sagradas.
A propósito da “sexta-feira, 13” é muito interessante a opinião do Doutor Moisés Espirito Santo, aliás, englobando a grande maioria das superstições, que opina terem origem no que poderíamos designar por “cartas fora do baralho”, isto é, situações incoerentes e estranhas que originam os mitos e superstições. No caso do 13 trata-se de um número que vem depois dos números da felicidade. A seguir à felicidade e fora dela, o azar.
Numa rápida consulta ao “O Verdadeiro Almanaque BORDA D’ÁGUA para 2009” podemos verificar que nos 12 meses do ano existem três “sexta-feira, 13”.
Etiquetas: cultura popular
quinta-feira, fevereiro 12, 2009
flor sofisticada

pois todas as flores envolvem simplicidade
beleza, cor e aroma naturais
Etiquetas: flores de jardim
do chimpanzé ao homem
Charles Darwin
Em 1859 publica a sua obra fundamental, “A Origem das Espécies”, que se esgota em poucos dias, tal era já a sua fama quanto às teorias da selecção natural das espécies e dos processos de evolução, para o que muito contribuiu uma viagem realizada anos antes à volta do Mundo e que durou cerca de cinco anos.
Viajou a bordo do navio Beagle, tendo feito escalas em muitos portos da rota, tais como Argentina, Patagónia, terra do Fogo, Ilhas Galápagos e Nova Zelândia, onde teve oportunidade de conhecer gentes e recolher materiais fundamentais para o estabelecimento das suas teorias.
Grande polémica estabeleceu-se no mundo científico, e mesmo no político e religioso, quando publicou a obra “A Evolução do Homem” que explica a evolução do homem a partir de um ser ancestral único e que contrariava o pensamento instituído de que o ser humano seria um excelso do Universo.
No rodar da “slot machine” do tempo coincidiram neste ano de 2009 factos e comemorações extraordinárias que levam as entidades que normalmente se encarregam de evidenciar estes factos a terem grandes dificuldades.
2009 - Ano de Darwin
2009 – Ano da Astronomia
2009 – Ano de Galileu
Etiquetas: gente e factos
quarta-feira, fevereiro 11, 2009
batente "coroa de louros"

envolve sempre muito simbolismo
um vencedor que foi coroado de glória
Etiquetas: aldrabas e batentes
de muito amar e querer
Quando o mar beija docemente a areia
Ele, gentil homem sua bela amada enleia
Angelical doçura, olhos de mel, querida
O sol do ocaso sobre os amantes ateia
Desejos profundos de paixão sentida
Faz neles fluir tamanha energia vertida
Do pote mágico eleva-se suave melopeia
Quando o sol se põe é o futuro que começa
Merecida felicidade de muito amar e querer
Percorrendo o caminho que a vida atravessa
No rumo do esplendor do humano ser
A melodia ecoa no espaço qual promessa
E assim será porque assim tinha que ser.
Etiquetas: poesia
terça-feira, fevereiro 10, 2009
uma flor para... a quinita

no teu merecimento de afecto e amizade
te deixo um beijo de parabéns
Etiquetas: parabéns
o homem da bicicleta
Exímio que já era a tratar dos animais de capoeira, das galinhas e dos coelhos, igualmente a conduzir a burrita com a qual ia até ao pinhal apanhar lenha e “pico” quando para tal tinha autorização, aprendia agora a arte de pedreiro.
A sua tenra idade pouco mais dava ainda do que para ser aguadeiro do mestre, dos pedreiros e dos serventes, mas a sua esperteza tornava-se cada vez mais aguçada no contacto com os mais velhos, homens calejados pelas agruras do trabalho diário.
Não sabia o que era um fim-de-semana, mas quem o saberia nessa época em que se trabalhava de sol-a-sol e os dias todos da semana? Nem o domingo, dia santo e de resguardo era tempo menos sobrecarregado de tarefas.
Não tinha muito a noção do tempo que passa, além do sol que marcava o dia e do escuro que a noite traçava e que era tempo de repouso. Mas na sua nascente esperteza ia apercebendo-se de algumas repetições, de alguns acontecimentos que pareciam verificar-se sempre em tempo certo.
Havia um tempo em que o mestre o mandava à fonte encher a bilha de água, independentemente da quantidade que ainda contivesse e que se apercebeu coincidir com o aparecimento lá longe de um homem de aspecto austero, boina na cabeça, que caminhava a ritmo certo levando à mão uma bicicleta de aspecto muito usado.
Além da coincidência desse homem passar naqueles dias que o mestre o mandava à fonte encher a bilha deu por si a pensar o que faria ali um homem com uma bicicleta em lugar tão ermo onde nem caminho havia para passantes.
A verdade é que quando regressava com a bilha da água, do homem da bicicleta nem sinal e o mestre parecia indiferente a qualquer acontecimento continuando no trabalho de assentar paredes da casa que estava a construir.
A curiosidade era tanta que um dia deixou a bilha na fonte e em correria por entre o mato e a coberto dos pinheiros existentes se aproximou furtivamente a tempo de ver o homem da bicicleta colocar algo debaixo de uma pedra e de se afastar rapidamente.
Não resistiu à tentação. Depois de ter voltado à fonte buscar a bilha da água e encontrando um momento de menos atenção do mestre foi a ver debaixo da pedra o que o homem da bicicleta lá tinha colocado.
A surpresa foi grande. Encontrou por lá somente uma folha de papel muito fino, dobrada várias vezes até formar um pequeno embrulho. Desdobrou-o cuidadosamente não pensando sequer como reporia tudo para que o mestre não se apercebesse da sua curiosidade.
As duas folhas de papel estavam completamente escritas, mais pareciam um jornal como os que estavam na taberna do sogro do Zé da Burra mas em ponto mais pequeno e em papel mais fino. Nada conseguiu ler, pois se ainda nem à escola tinha ido. Somente reconheceu num cantinho das folhas uma foice como a que a mãe usava para cortar o feno e um martelo igual aquele com que o pai martelava os pregos.
Etiquetas: contos do pinhal
segunda-feira, fevereiro 09, 2009
lua escondida pelas núvens

a lua fez-se rogada, escondida pelas núvens
mas lá se deixou fotografar no dia seguinte
Etiquetas: luar
cabelos brancos longos desgrenhados
À sétima onda, uma onda de magia que é assim que é natural o ritmo das marés, o mar foi mais forte e sentiu a macieza dos pés de uma mulher que percorria tranquilamente a orla de espuma que ia ficando depositada na areia, em resultado do fluxo e refluxo das águas do oceano.
A mulher sentiu um estranho arrepio reagindo a esse mais forte contacto. Sem dúvida não era alheia a este sentir a frieza da água e o inesperado do contacto. Contudo, manteve-se essa estranha sensação quando viu que o mar havia depositado a seus pés um maravilhoso leque, tampa de uma concha de vieira.
Depois, o mar recuou até uma lonjura nunca antes vista num claro convite a cumplicidades que trouxe ao pensamento da mulher um velho marinheiro que perdido nos sonhos de um mirante que é sótão tanto lhe falara no grande amor sentido por esse mar tão belo.
Na praia, uma pequena multidão usufruía daquela manhã soalheira, e a mulher vislumbrou lá longe uma cabeça de homem coberta de brancos cabelos... é o marinheiro!! E correu, correu... Tropeçou num pedaço de madeira abandonado, desviou-se de muita gente que se atravessava no seu caminho... aproximou-se do ancião. “É o marinheiro!”
Quando lhe viu o rosto foi a desilusão: era outra pessoa. Mais além, mais cabelos brancos... e correu... a mesma nota de tristeza e de desilusão... E mais outro, e mais outro... havia muitos cabelos brancos mas não eram conhecidos...”.
Rolaram lágrimas pelo seu rosto bonito, mas com o olhar triste e ensombrado. Lágrimas de sal? Aqueles olhos somente podem deixar fugir lágrimas de mel... E aquele cheirinho do mar...
Etiquetas: contos da praia
domingo, fevereiro 08, 2009
leão o animal solar

igualmente de poder
o leão, o sol
Etiquetas: esoterismo, relógio de sol
mares convergentes
Mas nesta altura já o sol diminuiu a sua intensidade e aquece os corpos por ele beijados com a doçura do fim de tarde quando as gaivotas à beira-mar se reúnem em colónias que muito em breve decidirão do destino colectivo. Hoje, por certo, permanecerão no Grande Areal pois a noite prevê-se seja tranquila e cálida.
Não aprazaram o encontro, mas sempre acontece, não por casualidade, mas porque os acontecimentos anteriores a ambos induzem este convergir para o mar quando a acalmia se chega à orla marítima, no momento em que o vento húmido da maresia roda para a brisa que passa a correr de terra para o mar.
Nesse mágico momento olhares carregados de sentir cruzam em mensagens de código estranho a que somente os iniciados na partilha e na permuta de afectos podem ter acesso. Um ligeiro sorriso, um cerrar quase imperceptível das pálpebras, um respirar ligeiramente mais agitado. Emoção.
Depois foi o caminhar lado a lado. Passo lento para a conversa ter mais sabor e o próprio odor do mar impregnar o corpo e o sentir. Cumplicidade no aproximar dos corpos, do tocar das ancas, do afastar ligeiramente... Sensualidade à flor da pele.
Se fosse possível um mesmo observador encontrar-se no mesmo momento em dois pontos muito distantes do globo ficaria, por certo, surpreendido com o que lhe era dado observar...
Uma mulher jovem, airosa no caminhar descalça sobre uma areia escura e grada, quase pequenos calhaus rolados, olhava sonhadora para o mar imenso, talvez mesmo um enorme lago pois não tinha ondulação e sonhava com a magia do âmbar. Seu olhos fulgiam em tonalidades que o observador não conseguia definir e embora caminhando só, mais parecia acompanhada pelos requebros que dava ao corpo e pela conversa que parecia manter.
Muito longe, quase do outro lado da Terra, as distâncias nem sempre se medem em quilómetros, um ancião de cabelo prata arregaçara as calças e pés mergulhados no espraiar das ondas caminhava para Sul sobre um manto de areia fina e doirada. Os olhos castanho, cansados, pareceram mudar de cor e ganhar mais brilho quando o mar rolou mais forte e a água lhe chegou aos joelhos, molhando a dobra das calças. Curvou-se e apanhou uma pequenina concha que o mar havia depositado na areia.
Etiquetas: contos da praia
sábado, fevereiro 07, 2009
orgulhoso de ser mar

na teimosia de não reconhecer os erros
no ciclo do tempo o mar repõe a verdade
Etiquetas: mar, praia do sol
a leitura dos sinais
Olhando para Nascente poder-se-á encontrar a explicação, mesmo que parcial seja, pois o firmamento apresenta-se de negro profundo, indicativo de chuva forte, quiçá de trovoada que transformará o final de tarde em momentos de tormenta.
A intensidade e a frequência dos estridentes guinchos, quem diria que dos mesmos bicos nascem em tempos de bonança maviosas sonoridades, aumentam a cada momento. Os voos são cada vez mais rápidos, numa retirada extemporânea e apressada.
Curiosamente do lado Poente, lá em baixo espraia-se o mar azul que vindo da linha do horizonte vem beijar as doiradas areias das praias, o céu está azul e sem nuvens. Isso leva a que a luminosidade do fim de tarde seja muito estranha, contrastes fortes de tonalidades de cor e marcados espaços de preto e branco.
De súbito deu-se uma brusca acalmia meteorológica e, do mesmo modo, da agitação dos melros. Estes últimos haviam encontrado os seus ninhos onde se acolheram. Passados instantes foi a violência do temporal que tomou o lugar da acalmia momentânea. O sentido apurado das avezitas tinha evitado danos maiores.
Etiquetas: melros, valle rosal
sexta-feira, fevereiro 06, 2009
amplos espaços

que o tempo vai deixando tão vazios
são espaços de meditação? ou de solidão?
Etiquetas: património religioso
a sensibilidade de um comentário

Gosto de chuva.
Deixei a correria para os outros e fiz os passos lentos até ao metro novo. Até aos ossos, encharquei-me de uma bonomia que procurei pelo dia todo.
Lembrei-me do mar, do mar da Costa, furioso no azul e cinza, da sua força a alagar-me de lembranças.
Tranquila.
Deixei o chão fugir no monstro mecânico e entreguei-me ao sabor da nau no pico da onda.”
Etiquetas: comentários, ribalta
quinta-feira, fevereiro 05, 2009
batente da moira encantada

que não a utilidade
muito menos o significado profundo
Etiquetas: aldrabas e batentes
sessenta e sete meses na blogoesfera
Como mensalmente fazemos questão de reafirmar, sublinhamos do nosso estatuto editorial da primeira hora: “textos e imagens próprios e originais, a temática da cultura de um Povo e da defesa da região da Praia do Sol e desenvolvimento dos afectos e do muito querer”.
Continuamos a contar com o empenhamento do nosso “irmão fotógrafo” Olho de Lince que com as suas imagens anima os nossos textos, muitas das vezes bem modestos.
As visitas atingiram a cifra de 612.641 (segundo o “SiteMeter”) e de 728.412 (de acordo com o “NeoCounter”), sem a correcção resultante dos dados dos registos anteriores, com origem em 154 países dos 199 existentes. A média de visitas na última semana deste período foi de 322/dia.
Um agradecimento especial a Blogger.com/Blogspot.com onde editamos e alojamos a Oficina das Ideias desde a primeira hora.
Quadro de Honra
Greenie, do Animaleza (Portugal)
Alves Fernandes, de O PreDatado (Portugal)
Cláudia P, do Cor de Dentro (Brasil)
Mdsol, do Branco no Branco (Portugal)
MFC, do Pé de Meia (Portugal)
Ibag, do Ibagitnemitnes (Portugal)
Mariazita, do A Casa da Mariquinhas (Portugal)
Observador, do Reflexos (Portugal)
Gasolina, do Árvore das Palavras (Portugal)
Neia (Brasil)
António, do Nabisk (Portugal)
Adriana A. (Brasil)
Paulo Renato, do Artemprogresso (Portugal)
Gwen, do A Cantora (Brasil)
Lila (Portugal)
Lualil, do Traduzir-se... (Brasil)
Rui, do Viandante (Portugal)
Rose, do Pimenta Cor-de-Rosa (Brasil)
Victor, do Des-Encantos (Portugal)
Lilás, do Perfume de Jacarandá (Portugal)
A TODOS o nosso MUITO OBRIGADO
Etiquetas: oficina
quarta-feira, fevereiro 04, 2009
mar de contrastes

logo depois a espraiar doçura na areia
mar de seda "mar de damas"
[assim falam os pescadores]
Etiquetas: grande areal, mar, praia do sol
rubra sardinheira
Estava a percorrer o caminho que desde a minha juventude um amigo de meu pai, o escritor de revistas Paulo da Fonseca, me ensinou a conhecer, a valorizar e respeitar, o viver dos artistas de teatro e de variedades, do fado também.
Anos mais tarde, o fado chamado “vadio” do “Estribinho” e do “Arreda” lá para as bandas de Cascais e do Birre era peregrinação garantida de fim-de-semana, especialmente, nas sextas à noite.
Vêm estas memórias a propósito de emoções fortes sentidas em tempo muito recente quando, confesso, para mim inesperadamente, me foi dado ouvir uma voz, segura voz do fado, cantar a “Maria das Quimeras”, no soneto homónimo de Florbela Espanca ao qual o meu querido amigo Vítor Reino lhe deu alma musical.
E quem deu maviosa voz a este musical soneto? Alguém escreveu “que é uma rubra sardinheira a florir numa típica janela... de Alfama”. Ana Guerra de seu nome, uma voz de musical encantamento que percorre as ruelas do fado com diversos “completamente originais”, muitos com poema e música de Vítor Reino, outros “construídos sobre poemas líricos” de Camões e de Florbela Espanca e, finalmente, aqueles que “fazem parte da memória intemporal do fado”, “Lisboa é sempre Lisboa”, “Maria da Graça” e “Saudade Vai-te embora”.
Tenho comigo o disco (CD) de Ana Guerra “Maria das Quimeras", onde ela escreveu “...o sentir do meu Fado, a emoção da minha voz, com Amizade...” mas não percam a oportunidade de a ouvirem “ao vivo”, de partilharem a emoção de uma grande fadista.

Ana Guerra, voz e coração
Prof. Arménio de Melo, guitarra portuguesa e profunda sabedoria fadista
Carlos Macieira, viola de fado e profissionalismo sem mácula
Marino de Freitas, baixo e inspiração transbordante
Rita Reino, adufe e concentração constante
Vítor Reino, Acordeão, drabuka e vontade permanente de trilhar novos caminhos.
Etiquetas: fado
terça-feira, fevereiro 03, 2009
mar tormentoso

mar agitado no seu sentir
a força incontrolável da natureza
Etiquetas: costa de caparica, mar
o tempo de saber
Há algum tempo, por interferência que não fortuita, mas que teria de acontecer por imperativos do caminhar a vida, amigos muito chegados, que na paleta do arco-íris têm a cor do jacarandá, deu-se o encontro, aprofundou-se uma amizade.
Brasileira de nascimento com a lusofonia no coração e na alma, cedo deixou claro, na transparência do seu ser, não só o profundo amor pelas lusas coisas como, muito em especial, o conhecimento feito saber dos sítios e das gentes desta ocidental faixa da Ibéria.
No significado duplo, imediato e velado, que os números e letras encerram, por maioria de razão as palavras, os nomes, haveria que existir e um dia ser clarificado, quando o tempo de tal chegasse, os fundamentos profundos deste enorme apego às coisas lusitanas.
No caminho de uma leitura, mais um cruzamento que não foi possível evitar, do magnífico livro “Quinta da Regaleira...”, de Vítor Manuel Adrião, [76], editado pela Occidentalis, a ténue cortina afastou-se com a brisa vinda do mar do Grande Areal quando as palavras nos ensinara:
“Cyntia, a senhora Soberana desta Montanha (Monte da Lua, Serra de Sintra) que lhe leva o nome, a qual era, segundo a Tradição, o cerne do culto matriacal das sacerdotisas atlantes daqui”.
O tempo de esclarecer e de saber havia chegado. Cumpriu-se o acordado na neblina dos tempos...
Etiquetas: esoterismo, gente
segunda-feira, fevereiro 02, 2009
gotas de chuva

pelas fortes chuvadas de inverno
resistem à timidez do sol
Etiquetas: gotas de água
palmela a caminhar
É assim, que temos connosco “Palmela a caminhar...” que nos orienta para um melhor conhecimento do município com recurso ao tão saudável “caminhar”, aliás, a melhor forma de conhecer sítios e gente, de apreciar a paisagem e de contactar com a monumentalidade que nos foi deixada pelos nossos antepassados.
Caminhemos então...
“Caminhe... para além das Muralhas”
Castelo de Palmela
Fonte Nova
Parque Venâncio Ribeiro da Costa
Miradouro Tejo, Sado e Atlântico
“Caminhe... pelos Largos, Lugares com História”
Largo do Município
Largo D. Afonso Henriques
Largo d’El Rei D. João I
Largo da Boavista
Largo do Mercado
Largo do Chafariz D. Maria I
Largo de S. João
Largo do Passo da Formiga
Largo dos Loureiros
Largo 5 de Outubro
Largo Duque de Palmela
“Caminhe... ao som da Melodia da Água”
Chafariz D. Maria I
Fonte do Largo Marquês de Pombal
Fonte no Jardim Venâncio Ribeiro da Costa
Fonte no Jardim Venâncio Ribeiro da Costa
Fonte (Igreja de S. Pedro)
Fonte Nova e Tanque
Fonte de Beber e Lavadouro
Lavadouro de Santa Ana
Fonte do Carvacho
“Caminhe... pelas ruas da Vila de Palmela”
Largo Duque de Palmela
Largo 5 de Outubro
Rua Gago Coutinho e Sacadura Cabral
Rua General Amílcar Mota
Rua Serpa Pinto
Rua Contra-Almirante Jaime Afreixo
Rua Coronel Galhardo
Rua Augusto Cardoso
Largo Marquês de Pombal
Rua 31 de Janeiro
Rua Joaquim Brandão
Rua Almirante Reis
Rua Heliodoro Salgado
Rua Miguel Bombarda
Rua Hermenegildo Capelo
“Caminhe... pelos miradouros da Vila e leia as paisagens”
Miradouro, por detrás do Castelo de Palmela
Alameda D. Nuno Álvares Pereira
Largo 5 de Outubro
Avenida dos Bombeiros Voluntários
Largo S. João Baptista
Rua Hermenegildo Capelo – Terreiro
Largo da Boavista
Miradouro “Tejo, Sado, Atlântico”
Castelo de Palmela
Aqui ficam convites para passeios incontornáveis para o conhecimento de uma região de características únicas.
Etiquetas: caderno de viagens, palmela
domingo, fevereiro 01, 2009
recortes de maresia

amainou de súbito ao chegar à doce areia
acariciou de mansinho a praia imensa
Etiquetas: mar, praia do sol
em janeiro de 2009 a oficina publicou:
Dia 1 – Construir o futuro [poesia]
Dia 2 – Em Dezembro a Oficina publicou [oficina]
Dia 3 – Por onde andamos [oficina]
Dia 4 – Estamos mais ricos [leituras]
Dia 5 – 66 meses na blogoesfera [oficina]
Dia 6 – Do Natal aos Reis [dia de reis]
Dia 7 – O silêncio do frio [pequenas estórias]
Dia 8 – Rota dos saberes [sabores]
Dia 9 – O Salvador e o Tarzan [gente]
Dia 10 – Trava-língua [curiosidades]
Dia 11 – Esta margem tão diferente [minha terra]
Dia 12 – O tesouro dos sentires [poesia]
Dia 13 – Ser idoso é ser sábio [solidariedade]
Dia 14 – É tempo de dizer “basta!” [a nossa opinião]
Dia 15 – O frevo ao virar da esquina [meu brasil]
Dia 16 – Mil Olhos [neruda]
Dia 17 – Um perfume especial [amigos]
Dia 18 – Os segredos que o mar guarda [ecologia]
Dia 19 – Fonte das duas bicas [cadernos de viagem]
Dia 20 – Tranquilidade [poesia]
Dia 21 – Um manjar dos deuses [sabores]
Dia 22 – No Pavilhão Chinês [degustar]
Dia 23 – Teus lábios de carmim [poesia]
Dia 24 – Caldeirada Caparicana [sabores]
Dia 25 – A lenda das vieiras, comentada [lendas]
Dia 26 – Novo Ano Lunar do Touro [calendários]
Dia 27 – Ano Internacional da Astronomia [datas]
Dia 28 – Moscatel de Setúbal [sabores]
Dia 29 – O verdadeiro almanaque [leituras]
Dia 30 – Dias de memórias [a nossa opinião]
Dia 31 – 99 anos do centenário [a minha terra]
Imagens
Dia 1 – Feliz Ano Novo
Dia 2 – Rainha dos Mares
Dia 3 – Até perder de vista
Dia 4 – Voo solitário, solidário
Dia 5 – Bagas vermelhas
Dia 6 – Coroa de romã
Dia 7 – Bailado de Inverno
Dia 8 – Janela e cruzeiro
Dia 9 – O lilás do meu encantamento
Dia 10 – Coberto de branco
Dia 11 – Luar primeiro
Dia 12 – Cor e exotismo
Dia 13 – Matar a sede
Dia 14 – Falta a filarmónica
Dia 15 – Cores vivas
Dia 16 – Suavidade
Dia 17 – Campos coloridos
Dia 18 – Estames preciosos
Dia 19 – Tanto mar...
Dia 20 – Lugar vazio
Dia 21 – Reflexos de mar
Dia 22 – Mar da Caparica
Dia 23 – Receptor de energia
Dia 25 – Azulejos em estrela
Dia 27 – Cheirinhos
Dia 28 - Trovadores
Dia 29 – O erotismo da dança
Dia 30 – A benção do sol poente
Dia 31 – Musical orgíaco
Uma flor para...
Dia 24 - ...a Sylviah
Dia 26 - ...a Gwen
Etiquetas: oficina